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Histórias, conexões e os caminhos para um novo ano

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O ano está terminando, mas já em setembro, outubro, era comum ouvir e ler quem desejasse– nas redes sociais, por e-mail, nas ruas e nas rodas de conversa – seu término, logo. Como se isso pudesse cessar qualquer tipo de tensão, de impasse, de sofrimento, de dor, e todos os problemas fossem resolvidos.

Mas será que 2015 foi tão ruim assim? Ele foi intenso em todos os cenários: político, econômico, social, ambiental, cultural, educacional, midiático! No Brasil e no mundo. Que bom! Deu canseira, mas trouxe muita transformação.

No fundo, a gente sabe que são as situações que nos apertam, nos colocam em cheque, nos deixam desconfortáveis, nos desesperam, provocam dúvida e medo, que criam terreno fértil para as boas ideias, para a mudança, para a criatividade, a inovação e soluções para questões que pareciam insolúveis. Assim foi em 2015 e será em 2016!

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Portanto, há muito para melhorar, mas há muito pra celebrar!

Balanço

Para nós, do Conexão Planeta, o turbilhão de dúvidas e novidades começou em julho quando, “por conta da crise”, a redação na qual eu, Suzana Camargo e Marina Maciel trabalhávamos – e que fazia o maior portal de sustentabilidade em língua portuguesa, segundo a United Nations Foundation (UNF) – acabou. Imagina!

Deu tristeza, deu medo, deu vazio, mas já no dia seguinte criamos este site e começamos a formar uma rede bacana de especialistas, jornalistas – alguns, colegas no trabalho anterior – e fotógrafos de natureza que sempre desejamos ter por perto. O site foi ao ar em agosto e iniciou o movimento do qual você faz parte. E a rede não para de crescer!

Com a missão de inspirar para a ação, todos os dias espalhamos ideias para ajudar a aumentar a consciência sobre o que realmente importa: consumir menos, reduzir/evitar desperdícios, compartilhar, colaborar, participar, fazer.

Contamos histórias de quem transforma o mundo com pequenas (grandes) ações: gente que cria uma biblioteca em casa para atender crianças da região, um negócio sem embalagens como nos tempos das avós, se dedica a crianças com Aids na África, produz o mínimo de lixo (um pote de vidro por ano, por exemplo!), reforma um ônubus para oferecer banho a moradores de rua ou cria um projeto para resgatar os sonhos de crianças hospitalizadas, pinta quadros de animais em extinção para salvá-los ou uma ferramenta movida a energia solar para salvar vidas em desastres nas estradas, coleta alimentos feios (que iriam para o lixo) para atender pessoas necessitadas ou cria um museu para que exercitemos a empatia, nos coloquemos no lugar do outro.

Não faltam ideias brilhantes que propõem novas formas de atuar, novos jeitos de pensar ou ainda resgatem antigas práticas para o bem comum.

Os talentosos especialistas e jornalistas que nos acompanham – Liana John, Giuliana Capello, Liliana Allodi, Julio Lamas, Stephanie Kim e a equipe da Garupa. Juliana Gatti, Sandro Von Matter, Rita Mendonça e Ana Carol Thomé –   também contaram suas histórias: sobre a biodiversidade no dia a dia, a possibilidade de uma vida mais simples, como pode ser fácil manter hortas em casa, sobre urbanidades, projetos de turismo sustentável ou de base comunitária, sobre a importância de nos relacionarmos melhor e mais intimamente com árvores e aves – nas grandes cidades ou junto à natureza. E também da urgência do convívio das crianças com a natureza, o que garante mais saúde para elas, para as famílias, os ambientes por onde circulam e também por um futuro mais justo para todos os seres vivos. E a audiência de nossos leitores nas redes confirma isso: veja a lista dos 10 textos mais lidos durante estes quatro meses de Conexão Planeta.

Também são companheiros preciosos de jornada os fotógrafos de natureza Adriano Gambarini, Daniel de Granville, João Marcos Rosa, Marcos Amend, Renato Soares e Zig Koch. Compartilhando o blog Por Trás das Câmeras, eles nos brindam, toda semana, com belas narrativas – muitas vezes poéticas. Revelam experiências muito particulares vividas durante a busca pela melhor imagem, pelo animal raro, pelo por do sol inacreditável, por uma flor que ainda não conhecem, por um momento único.

Neste final de ano, muito generoso, Gambarini nos presenteou com a metáfora da Flor de Lótus, desejando “uma feliz conexão com este planeta em 2016!”. Delicado e certeiro. É a mensagem de todos nós.

Em breve, outros talentos (e temas) se conectarão a esta linda rede. E é fato que a natureza está no comando de todas essas conexões. Por isso escolhemos a foto de João Marcos Rosa para ilustrar este post. Ela revela uma área muito especial do Floresta Nacional de Carajás, na Amazônia, e foi cedida gentilmente, em setembro, para integrar uma galeria de imagens em homenagem ao dia desse bioma. Obrigada, João!!

Mas também falamos de temas não tão inspiradores: crise hídrica, aquecimento global (o ano terminou com uma péssima notícia sobre os estremos climáticos), o aumento da população de refugiados (um milhão de pessoas fugiram para a Europa, sendo 49% sírios, segundo a ONU) e das guerras. Estouramos nossa quota de recursos naturais para o ano em agosto, o desmatamento aumentou na Amazônia, o lixo sobrecarregou os mares, sofremos com a tragédia ambiental do Rio Doce, as epidemias que se alastraram pelo Brasil (dengue, chikungunya e zyka, só para citar as principais), os atentados terroristas, o aumento das mortes dos adolescentes, a violência contra as mulheres

Falamos desses temas com a visão de que é possível transformá-los e evitar que se agravem ou se manifestem novamente. Depende de todos. É só pensar no que alguns desses acontecimentos provocaram, naturalmente: solidariedade, empatia, altruísmo. além de ter tirado muita gente da inércia. Isso dá brilho nos olhos!

Por acreditar nisso – durante a Virada Sustentável, realizada em São Paulo, em agosto -, nós três integramos o grupo Planetários a convite do comunicador Caco de Paula (nosso querido ex-chefe) e, com ele e colegas do trabalho anterior, participamos de um movimento muito bacana: Mude o Mundo com Sua Mensagem. Do conteúdo produzido antes e durante o evento, com a ajuda de inúmeros colaboradores – profissionais de áreas diversos que lidam com sustentabilidade – nasceu o Almanaque do Clima, lançado no final de novembro, com ideias e insights bastante inspiradores.

E ainda contamos com a expertise de colaboradores pontuais como o jornalista Roberto Amado e seu texto afiado sobre os refugiados, as recém-formadas Beatriz Athie e Monique Alves que escolheram o mesmo tema para seu brilhante TCC e contaram sobre o contato com refugiados sírios em São Paulo (ambas se formaram com louvor! – e aqui fazemos um agradecimento à Bianca Santana que nos contou sobre a dupla de alunas). Por último, agradecemos a participação de Gabriele Garcia que, em 2015, viajou com Felipe Melo pela Ásia e África para entender melhor o que é empatia. Quase embarcando para o Brasil, ela cedeu um dos posts que escreveu, durante a viagem, sobre os refugiados no Líbano. Comovente, um presente.

Uma nova agenda para um futuro mais justo

Mas há três grandes acontecimentos que marcaram 2015 e já estão ajudando a desenhar novos caminhos para uma vida mais próspera e justa para todos em 2016 e nos próximos anos:

OS 17 OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)
Aprovados com a participação de cidadãos e governos, os ODSs foram lançados pela ONU em setembro e substituíram os 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

Indicam as ações necessárias para conquistarmos um mundo mais justo e sustentável até 2030. Pela lista – no link acima – dá pra ver que há muito o que fazer, mas já estamos avançando em alguns temas como a erradicação da pobreza e a energia limpa e acessível. Em outros como água potável e saneamento, igualdade de gênero, trabalho decente em comunhão com o crescimento econômico, paz e justiça e redução das desigualdades, ainda engatinhamos.

O ATIVISMO AMBIENTAL DO PAPA FRANCISCO
Nunca tivemos um Papa tão presente e tão comunicativo (além de carinhoso) que olhou para o mundo contemporâneo com tanta sabedoria. Além de se revelar mais humano e flexível sobre temas que a Igreja sempre radicalizou – como o homossexualismo e o aborto, só para citar alguns – o pontífice lançou, em maio, a Encíclica Laudato Si – com uma tendência mais que humanista já que colocou o meio ambiente como fio condutor, chamando a atenção para o “cuidado da nossa casa comum”.

Nela, responsabiliza a humanidade pelo desenvolvimento a qualquer custo, que devastou os recursos naturais e promoveu a miséria. Por isso, o documento ficou logo conhecido também como Encíclica Verde.

Em julho deste ano, o Papa se encontrou no Vaticano com prefeitos do mundo todo para debater sobre trabalho escravo e mudanças climáticas. Entre os convidados brasileiros, estavam Eduardo Paes (PMDB), do Rio de Janeiro, e Fernando Haddad (PT), de São Paulo, Márcio Lacerda (PSB), de Belo Horizonte, e ACM Neto (DEM), de Salvador. Em agosto, criou o Dia da Oração para o Cuidado da Criação: 1º. de setembro.

O ACORDO DE PARIS
Celebrado na capital francesa, no âmbito da COP21 – Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU, realizada no início de dezembro, é o primeiro acordo global do clima com característica vinculante. Isso garante que os 195 países que o assinaram aceitam cumprir a lei que determina a redução de emissões de gases de efeito estufa para que a temperatura média do planeta não vá além de 2º C (se possível, 1,5º C) neste século.

O acordo não define metas e prazos, mas indica caminhos para empresas, governos e organizações não governamentais, e sua revisão periódica – de cinco em cinco anos -, o que pode garantir o cumprimento dos compromissos voluntários de cada país (INDCs) e até a adoção de compromissos mais ambiciosos. A participação dos jovens agitou a conferência e o mais lindo é que uma brasileira, Raquel Rosenberg, foi escolhida para falar por eles no último dia da Cúpula. O resultado da COP21 foi um alento contra o fracasso das negociações seis anos antes, em Copenhague.

Se não tratarmos das mudanças climáticas como é necessário, jamais teremos justiça social. E isso define nosso futuro.

Assim, estes três acontecimentos globais influenciarão mais e mais as decisões de governos, empresas, cidadãos e organizações não governamentais. Estas são nossas bússolas daqui pra frente. E participar é fundamental. Não há mais lugar para a inação neste novo mundo que estamos criando pela continuidade da vida na Terra e por sua prosperidade. Que o digam os designers mais que engajados Flavia Sakai e José Roosevelt Junior, que criaram nosso lindo logotipo, participam de inúmeras iniciativas pela capital paulista e criaram, com amigos, o projeto Cidade Gentil.

As boas narrativas continuarão inspirando. Como vimos, o que não falta é gente bacana para protagonizá-las. E estaremos aqui para ajudar a fazer as conexões que importam. Mudemos o mundo com nossa mensagem!

Obrigada pela companhia! E até 2016!

Mônica, Suzana e Marina

Foto: João Marcos Rosa

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