Diminui a pobreza extrema no mundo

crianças africanas sorrindo graças à redução da pobreza extrema no mundo

“Esta é a melhor notícia no mundo hoje!” Foi desta maneira que Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial, analisou os números revelados pelo levantamento divulgado pela entidade esta semana. O relatório mostra que, pela primeira vez, os índices internacionais de pobreza extrema serão reduzidos a menos de 10% da população global.

A previsão do Banco Mundial é que, até o final de 2015, o número de pessoas vivendo na chamada pobreza extrema passe de 902 milhões (registrados em 2012) para 702 mihões. Isso significa que há quatro anos, 12,8% da população do planeta vivia em condições miseráveis e atualmente, esta porcentagem é de 9,6%.

O banco considera que uma pessoa que viva na linha da pobreza extrema ganhe US$ 1,90 por dia, aproximadamente R$ 7,32. Para chegar a este valor de referência, são analisados dados como poder de compra e custo de vida em países mais pobres.

A queda nos indicadores da pobreza extrema representa uma grande conquista e sinaliza que é possível tirar da miséria completa milhões de pessoas até 2030, meta esta que faz parte dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (leia mais sobre os ODSs neste outro post), estabelecidos pelos países membros das Nações Unidas.

“Estas projeções nos mostram que somos a primeira geração na história da humanidade que pode acabar com a pobreza extrema. Estes números devem nos ajudar a focar ainda mais claramente em estratégias eficientes”, afirmou Jim Yong Kim, em comunicado oficial à imprensa.

O presidente do Banco Mundial reconhece, entretanto, que ainda há muito a ser feito. Existem 702 mihões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza. É um número enorme de seres humanos que mal conseguem sobreviver com o pouco que ganham. “Será muito difícil, especialmente agora em um período de crescimento econômico mais lento, mercados financeiros voláteis, conflitos armados, desemprego e com impactos das mudanças climáticas. Mas ainda está a nosso alcance”, enfatizou.

Os índices positivos apresentados pelo estudo do Banco Mundial são reflexo do desenvolvimento econômico obtido pelos países emergentes nas últimas décadas, entretanto, como Yong Kim admitiu, a crise financeira, deflagrada em 2008, só agora começa a impactar estas economias. “Haverá turbulência daqui para frente. O cenário de crescimento das economias emergentes será afetado no futuro próximo, o que criará novos desafios, principalmente para atender à necessidade dos mais vulneráveis”, disse Kaushik Basu, economista chefe do Banco Mundial.

O Brasil é um dos maiores exemplos desta realidade. Com projeção de retração do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, o governo já anunciou corte em diversos programas sociais, inclusive alguns, como o Bolsa Família, que foram responsáveis por tirar da pobreza uma enorme fatia da população brasileira.

Entretanto, a vasta maioria das pessoas que está na faixa de pobreza extrema mora em países da África e Ásia. Elas somam 95% do índice global e estão localizadas mais especificamente no leste e sul asiático, regiões do Pacífico e  África subsaariana (área localizada ao sul do Deserto do Saara e que inclui países como Quênia, Sudão, Congo, Uganda, Libéria, Nigéria, Ruanda, Serra Leoa, entre outros).

Nos últimos 25 anos, todavia, houve uma mudança na distribuição dos números referentes à pobreza extrema nestes lugares. Em 1990, o leste asiático concentrava 50% do índice global e o sul africano cerca de 15%. Mas em 2015, o relatório indica que o panorama é exatamente o oposto: os países africanos terão metade da população miserável do mundo e o leste da Ásia contará com 12%.

De acordo com o estudo do Banco Mundial, a pobreza está diminuindo em todas as regiões, mas se tornando mais grave naqueles locais onde ocorrem conflitos armados ou há grande dependência na exportação de commodities (alimentos, como grãos – arroz, soja, feijão – e mercadorias produzidas em grandes quantidades e comercializadas globalmente). Algumas regiões geográficas, como Oriente Médio e o norte da África, não possuem dados confiáveis que possam ser analisados pelo levantamento. 

Para o presidente do Banco Mundial, acabar com a pobreza extrema depende de iniciativas que incluam investimento ao acesso à educação de qualidade, sistema de saúde e saneamento básico. Além disso, é essencial que se tracem estratégias para que as populações mais vulneráveis consigam resistir aos extremos climáticos, fenômenos como secas e enchentes, que devem se tornar cada vez mais frequentes devido ao aquecimento global.

“Com estas estratégias em prática, o mundo terá uma chance muito maior de acabar com a pobreza extrema até 2030 e melhorar as perspectivas de famílias de baixa renda”, acredita Yong Kim.

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Foto: domínio público/pixabay

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.