
Como contamos aqui em janeiro, gorilas do zoológico de San Diego, nos Estados Unidos, testaram positivo para o novo coronavírus. Na época, os cuidadores notaram que dois primatas estavam tossindo e apresentavam outros sintomas leves associados com a Covid-19. Decidiu-se então pela análise das fezes dos animais, que confirmou a presença do vírus SARS-CoV-2.
A suspeita foi que os gorilas tenham sido infectados por um dos cuidadores que teve a Covid. Apesar de assintomático, ele pode ter contaminado os animais, mesmo usando máscara de proteção e tomando todas as medidas de precaução em vigor.
No total, oito gorilas contraíram o vírus. Felizmente, todos ficaram bem. Mas há poucos dias, o zoológico de San Diego informou que vacinou nove primatas – quatro orangotangos e cinco bonomos. Os animais receberam duas doses de uma vacina experimental contra a Covid-19, desenvolvida pelo laboratório veterinário Zoetis. Outros quatro ainda devem tomar o imunizante, entre eles, um gorila.
De acordo com a empresa, se houver aprovação dos órgãos regulatórios americanos, a vacina poderia ser administrada em cães, gatos e visons.
Logo no começo da pandemia, cientistas já tinham alertado sobre a necessidade de proteger os grandes primatas do coronavírus. Para reduzir ao máximo o risco de contágio de gorilas, chimpanzés e macacos da Covid-19, biólogos recomendaram que fosse suspenso o turismo em reservas e parques onde vivem esses animais, os parentes biológicos mais próximos do ser humano, já que compartilham de 98% do nosso DNA.
Até o início de 2021, ainda não se tinha conhecimento da infecção de outros primatas. Todavia, em abril de 2019, um tigre de um zoológico de Nova York tinha testado positivo para o coronavírus. Também já há casos de animais de estimação contaminados, assim como visons (15 milhões deles foram sacrificados na Dinamarca por causa do coronavírus).
O alerta de especialistas é que quando uma pessoa testa positivo para a Covid ela deve se manter afastada não apenas de outros indivíduos, mas também, de animais.
Bonobos x chimpanzés
Para aqueles que não sabem – como eu não sabia -, bonobos e chimpanzés são espécies bastante semelhantes. Mas de que maneira diferem?
Primeiramente, elas habitam regiões diferentes da África Central e Ocidental, separadas pelo rio Congo. Acredita-se que esse fator geográfico foi o mais importante para que elas desenvolvessem características físicas e comportamentais distintas.
Os bonobos, (que aparecem na imagem que abre este texto), são menores e têm suas extremidades mais longas: mãos, braços e pés. Seu filhote nasce com o rosto preto, diferentemente do chimpanzé, que no começo da vida tem coloração rosada.
Enquanto os chimpanzés (na foto abaixo) são mais agressivos e territoriais, os bonobos apresentam comportamento mais dócil e vivem em grupos liderados pelas fêmeas.

Entre os chimpanzés, os grupos são dominados pelos machos alfa
*Com informações da Agência de Notícias Associated Press e do jornal The Guardian
Leia também:
Cientistas alertaram, em 2007, que consumo de animais exóticos era bomba-relógio porque morcego é “reservatório de vírus SARS-Cov”
Tráfico de animais silvestres aumenta ameaça de novas pandemias e expansão para comércio digital impõe risco ainda maior à humanidade
“Se não restabelecermos equilíbrio entre natureza e homem, pandemias como essa se tornarão mais comuns”, alertam cientistas
Fotos: reprodução facebook San Diego Zoo (abertura) e domínio público/pixabay (chimpanzé)