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Maior jequitibá-rosa da Mata Atlântica é encontrado na Reserva Biológica da Mata Escura, em MG

Maior jequitibá-rosa da Mata Atlântica é encontrado na Reserva Biológica da Mata Escura, em MG

expedição cientifica liderada pelo primatólogo Fabiano Rodrigues de Melo, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), na Reserva Biológica (Rebio) da Mata Escura (identifique sua localização no final deste texto), em Jequitinhonha (MG), tinha como missão monitorar o maior primata das Américas, o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), criticamente ameaçado de extinção.

Para tanto, saia bem cedinho – quando a mata ainda estava bem sombreada – e usava drones com câmeras térmicas para identificar os animais mais facilmente. Mas, num certo dia em que eles atrasaram para entrar na mata, o que a tecnologia lhes apresentou foi bem diferente do que buscavam: um outro ser magnífico – não da fauna, mas da flora –, um jequitibá- rosa

E não foi um indivíduo comum da espécie e, sim, o maior jequitibá-rosa da Mata Atlântica, com 65 metros de altura e mais de cinco metros de diâmetro (CAP – Circunferência à Altura do Peito).

Maior jequitibá-rosa da Mata Atlântica é encontrado na Reserva Biológica da Mata Escura, em MG
O majestoso Jequitibá-rosa
Foto: Ednardo Martins

“Nesse dia eu saí tarde, a mata já estava quente e, quando passei por um ponto determinado do vale, vi que tinha uma árvore muito diferenciada. Se destacava muito em relação ao dossel, em relação à copa das outras árvores e eu cismei com aquilo”, conta o pesquisador.

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Maior jequitibá-rosa da Mata Atlântica é encontrado na Reserva Biológica da Mata Escura, em MG
Foto: Fabiano Melo

“No dia seguinte, voltei, filmei mais, fotografei, gravei as coordenadas geográficas e falei com Marcia Nogueira, gestora da Rebio, do ICMBio, que autorizou que sua equipe fizesse uma picada até o jequitibá”.

Um jequitibá-rosa gigante, não! Dois!

Os agentes do ICMBio encontraram a árvore, mas não só: havia outra gigante a seu lado que, a princípio, julgaram maior. No dia seguinte, Melo voltou ao local com um drone menor para medir as árvores. Seus companheiros estavam errados: a segunda é menor do que a primeira – tem 60 metros e diâmetro mais largo!

“As duas são gigantes, fiquei impressionado! E há outros jequitibás lá, mas não cheguei a medi-los. Agora, precisamos unir forças para fazer análise genética desse individuo, catar sementes para fazer reprodução de mudas”, conta o pesquisador. 

Maior jequitibá-rosa da Mata Atlântica é encontrado na Reserva Biológica da Mata Escura, em MG
Ednardo Martins, que monitora os muriquis-do-norte (à esquerda) e o pesquisador
Fabiano Melo (ao centro) com monitores e agentes do ICMBio

“Tenho vontade de fazer um grande projeto que é passar o LAIDA (sensor de laser que consegue caracterizar o espaço geográfico em três dimensões) na mata inteira para encontrar outros gigantes como esse. Vamos fazer uma força-tarefa nesse sentido”, diz animado. 

“Hoje, encontrar uma árvore desse porte é excepcional! É um espetáculo uma árvore desse porte, que representa um prédio de quase 22 andares. Com certeza é um organismo vivo secular. E isso mostra que o ambiente onde ela nasceu e vive é um ambiente prístino, um ambiente primitivo, no qual o ser humano não chegou e não modificou”.

Os Jequitibás gigantes eram considerados praticamente extintas. enfatiza o pesquisador, lembrando que quase 90% da cobertura original da Mata Atlântica está destruída e que as áreas remanescentes são florestas secundáriasem regeneração

A expedição aconteceu em fevereiro deste ano e somente agora Melo anunciou o acontecimento magnífico. Durante esse período, nas horas vagas ele foi atrás de informação: pesquisou artigos científicos, conversou com especialistas e confirmou informações sobre a medição no departamento de área florestal da UFV. 

“Constatei que árvore viva na Mata Atlântica, com essa altura – mesmo que não seja jequitibá – não tem! Esta é realmente a árvore mais alta do bioma”, sentencia. É também o jequitibá-rosa mais alto do Brasil! 

Sobre a idade da árvore, ele destaca que 300 anos é uma estimativa, “mas pode ter mais. É preciso fazer um estudo específico pra isso. É impressionante porque, ali, a mata é primária e tem uma condição de preservação tão boa, num bioma tão castigado” (no estudo do MapBioma, divulgado esta semana, todos os biomas brasileiros tiveram redução do desmatamento em 2024, exceto a Mata Atlântica).

Uma árvore majestosa num bioma tão castigado

As condições geológicas da área explicam bem essa possibilidade. O jequitibá-rosa vive numa mata inacessível para as pessoas, inclusive para os madeireiros. “E olha que eles tentaram. Quando cheguei na área onde hoje é a Reserva Ecológica da Mata Escura, no final da década de 80, tinha madeireira retirando arvores na área”, destaca Melo. 

Maior jequitibá-rosa da Mata Atlântica é encontrado na Reserva Biológica da Mata Escura, em MG
Foto: Fabiano Melo

“Naquela época, era terra devoluta e ninguém conseguia viver lá porque o solo era muito pobre, o solo era ruim, com areia quartzítica. Assim, a região, por si só, pelas condições do relevo, foi protegida, preservada”. E o pesquisador acrescenta: “Não havia pontes naquela região do rio Jequitinhonha. Pra atravessar o rio ou você o fazia por Taiubim ou por Almenara, então isso provavelmente dificultou a retirada de madeira”.

Hoje, a área onde o jequitibá vive “continua sendo muito complicada de acessar, está muito distante de qualquer rodovia” e, desde 5 de junho de 2023 (por decreto federal), é uma Unidade de Conservação (UC) Federal, de proteção integral, que restringe a presença do ser humano. Portanto, “a gigante da Amazônia está ultraprotegida, felizmente. Não corre risco algum!”, garante Melo. 

Ocorrência 

A espécie Cariniana legalis é natural do centro e sudeste do país (ES, RJ, MG, SP e MS) e, também, do Nordeste (AL, BA, PB e PE). E considerada árvore símbolo de São Paulo e Espírito Santo, que celebra o Jequitibá em 21 de setembro, Dia da Árvore.

Maior jequitibá-rosa da Mata Atlântica é encontrado na Reserva Biológica da Mata Escura, em MG
Foto: Fabiano Melo

A seguir, assista ao vídeo produzido pelo ICMBio e publicado pela Agência Brasil e veja o mapa da reserva no mapa do Google:

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Fotos (destaque): Fabiano Melo (grupo) e Ednardo Martins (árvore)

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Gilson Farias Rodrigues
Gilson Farias Rodrigues
5 meses atrás

Estou em Curitiba, PR. Parabéns à vcs por esse maravilhoso achado.

Francisco
Francisco
5 meses atrás

Tem um jequitibá rosa em João Neiva E.S. , que tem 47 metros de altura , e 12,5 metros de circunferência em sua base , eu fui visitá-lo 3 vezes , são 11 pessoas de mãos dadas para abraçãlo . É lindo chegar perto dele .

Angelo Pacelli Ribeiro
Angelo Pacelli Ribeiro
5 meses atrás

Só para corrigir um erro:

“… “a gigante da Mata Atlântica está ultra protegida …”

Vanderson Gomes
Vanderson Gomes
5 meses atrás

Em Simonesia-MG, tem um muito alto, seria bacana alguém medi-lo.

EBERT SILVA CAIXETA
EBERT SILVA CAIXETA
5 meses atrás

AQUI EM MACHADO SUL DE MINAS GERAIS,, TEM UM,,,,( ALTO LÁ TINHA MORREU) NÃO SEI SE FOI PÔR FOGO,, MAIS PELO QUE ME LEMBRO ERA NÃO NA ALTURA,,,,, MAIS GROSSO O TRONCO BEM MAIS,GOSSO ,,,,SALVE ME ENGANAR,, COM A FOTO………..

João Ricardo
João Ricardo
5 meses atrás

O jequitibá rosa do Parque Estadual dos Três Picos no RJ, tem aproximadamente 50 metros e CAP de 12 metros.

Hormino Ribeiro de Amaral Filho
Hormino Ribeiro de Amaral Filho
5 meses atrás

Parabéns à NOSSA JEQUITINHONHA, boa notícia, Parabéns pela descobertas

Leandro
Leandro
5 meses atrás

Em Almenara, cidade vizinha de Jequitinhonha, na comunidade Baixão, tem um Jequitiba Rosa maior que este da reportagem. São necessários 10 homens para abraçá-lo. Fica a 10km do IFNMG campus Almenara

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