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Por que tanto desrespeito com a cultura e a religião africanas?

Por que tanto desrespeito com a cultura e religião africanas?

Ekáàarô. Às 9h20 da manhã, uma pessoa tomando sol na varanda, poderia saudar assim um vizinho se quisesse ser alguém legal que vive em comunidade e considera bem importante dizer bom dia, boa tarde, boa noite, ideia que permeia, por exemplo, o pensamento Yorubá.

Os Yorubás acham isso tão, mas tão importante que a língua (língua, língua, não dialeto de uma vez por todas) não têm apenas um bondiazinho qualquer, dito da boca para fora, de má vontade. A saudação varia de acordo com a quantidade de luz. Depois das 9h30 da manhã o bom dia já é outro. Depois das 11h30 outro. Juntando tudo são nove bom dias, boa tardes, boa noites ao longo de um dia só. Fiquei sabendo disso em um dos ao vivos do Congresso Internacional Yorubantu, que vai até dia 27 de junho.

Para quem nunca ouvir falar dos Yorubá, uma lição rapidinha de história: a palavra ‘Yorubá’ é originária do Império de Oió, um dos maiores da África Ocidental durante o século XV (No Brasil, em 2018, o Yorubá foi oficializado como patrimônio imaterial do estado do Rio de Janeiro).

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Voltando ao congresso. Peguei os nomes de todas as pessoas que estão falando nessas mesas-redondas e vou seguir nas redes sociais, convidar para ser amigo porque quero que entre na minha linha do tempo gente que eu considero importante de verdade, gente que eu quero saber da vida, do trabalho, da atuação. Quero um cotidiano com eles.

Não dá para aguentar mais os mesmos bacanas enfiados goela abaixo. Falando em enfiar goela abaixo, olha o anúncio de qual live aparecia enquanto eu assistia ao Congresso Yorobantu. Tá vendo o insondável amarelo ali acima na foto da tela ? Eu ouvindo dos palestrantes que um psicólogo negro tem mais chances de ser cassado se recomendar ao paciente um banho de descarrego do que se pedir para ele rezar um pai nosso e me aparece a opção para clicar em conteúdo de projeto religioso europeu colonizante salvador da sociedade.  

Que força binária mecânica é essa que demoniza, enfeia a crença, a cultura, a filosofia africana para subjugar, diminuir, controlar, maltratar, escravizar? Já que essa sociedade parece só entender a língua do bem e do mal, eu diria que essa sim é uma força demoníaca. Durante as conversas no congresso têm se falado muito nessa força que solapa subjetividades, que nega a existência do ser a partir de um conjunto de forças. É essa dicotomia que precisa ser desconstruída, desmascarada, esfacelada.

Quem precisa de relações cartesianas para se encaixar num padrão de Brasil que nunca quis ser africano, que nunca quis respeitar sua própria ancestralidade. Gente, esse monte de ideia bacana, que liberta, que dá respiro, vêm todas desses bate-papos incríveis nas mesas-redondas que eu estou assistindo. Não são minhas não. Quer dizer, agora já são. Peguei para mim. Peguem também, reproduzam pensamentos como: o que é uma semente de baobá? Já é um baobá.

Pensa como outros padrões podem formar, por exemplo, crianças independentes, sem o peso de já ter que ser. É uma ótima frase substituir a famosa pergunta adultocêntrica capitalista branca “o que você quer ser quando crescer?”. As crianças já são. Já estão sendo. Não são apenas um vir a ser. Não precisam se ver sempre na pressão de ser alguma coisa bem modelar, bem enquadrada, bem conceituada, bem certinha. Não, elas não precisam ser ou vir a ser o negro de ninguém.

Essa poesia de Ricardo Aleixo em vídeo que reproduzo aqui é sobre isso.

Se quiser saber sobre a live musical e artistas no Congresso Internacional Yorubantu vá para o texto no blog PARA DE GRITAR ISSO SEU IRRESPONSÁVEL.

PROGRAMAÇÃO DO CONGRESSO INTERNACIONAL YORUBANTU

Foto: Fabio Seixo/ reprodução site Clandestina

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Luiz Antao
Luiz Antao
4 anos atrás

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