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Por que sair da sala de aula?

Nem sempre o trabalho de estimular pais e educadores a ficarem mais tempo ao ar livre com suas crianças é uma tarefa simples e fácil. Muitas vezes, ouvimos comentários que nos fazem perceber que o caminho é longo e delicado.  “Mas eu não quero sair da sala de aula!”, “Eu não suporto andar descalço”, “Eu consigo ter mais atenção das crianças quando estamos na sala de aula”.

A grande maioria está acostumada ao perfil estereotipado do professor, aquele que sabe e comanda o aprendizado dos alunos ficando na frente da sala de aula, com os alunos ouvindo passivamente sentados em fileiras. Será que isso ainda funciona no século 21? Será que é tão complicado fazer diferente? 

Muitas vezes parece até que estamos propondo que estar do lado de fora significa afundar os pés na lama, explorar lugares inóspitos ou sobreviver na selva… No entanto nossa proposta é muito mais simples; podemos alcançar grande transformação com muito menos.

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Mas é claro que essa sair da sala de aula exige esforço, porque é um exercício de desapego. é libertar-se da rotina que se repete sem surpresas, libertar-se do desejo de antever e controlar as experiências de aprendizagem, libertar-se do medo da experiência acontecer diferente do previsto.

Vai exigir abertura se quem se propuser à aventura de aprender a lidar com o imprevisto, para explorar novos espaços, com qualidades e dinâmica muito diferentes da sala de aula. E é preciso que o educador sinta-se seguro para fazer isso. Quando confiamos nas nossas ações, as chances de dar errado diminuem. Ou melhor, quando não definimos o que “tem que” acontecer e, ao contrário, aprimoramos o nosso olhar para observar a riqueza daquilo que acontece, seja lá o que for, os resultados estarão sempre fora das avaliações de certo e errado. Acontece o que tem que acontecer. Simples assim.

Para os educadores que compreenderam a importância desse movimento, mas se sentem inseguros porque têm medo da natureza, queremos sugerir algumas atividades simples que podem ajudar. Vamos à elas!

procure estar ao ar livre, mesmo que só por alguns minutos e respire. Respire profundamente. O que você sente quando respira? De onde vem o ar que você respira? Para onde vai o ar que você inspira? E o ar que você expira? Procure imaginar o caminho do ar, entrando e saindo pelas narinas das pessoas, dos animais, e das folhas das plantas. 

visite uma praça ou parque próximo de seu caminho diário. Pegue uma folha que te chama a atenção e observe-a atentamente. Se tiver tempo e um caderninho à mão, procure desenhá-la com todos os detalhes de suas nervuras. O que você sente quando entra no detalhe, na intimidade daquela folha? Consegue imaginar o processo pelo qual ela passou até chegar a essa forma que agora você observa?

identifique o que dá medo quando se trata de natureza. Insetos que podem picar? Neste caso, encontre um deles, uma formiga, por exemplo, e passe alguns minutos observando-a. Siga-a em suas atividades, o que ela está fazendo? Faça uma pequena lista de suas características que você nunca tinha visto antes.

Esse tipo de atividade, bem simples, pode ser muito transformadora e ajudar a superar certos condicionamentos que muitas vezes são coisas do passado, que não estão mais vivos e podem ser transcendidos.

Para trabalhar com as crianças e poder se expor aos medos – próprios e o das crianças – é preciso lidar com eles com abertura e superá-los. Todos os nossos medos podem ser transformados. Paciência e perseverança são os requisitos essenciais para isso. 

Talvez o que a natureza tenha de mais assustador é o fato dela estar constantemente se transformando. Tudo na natureza está em uma incessante dança, cada gesto levando a uma nova forma, a um novo momento, sem nunca parar. Aprender a reconhecer, observar a tendência do movimento e seguir o fluxo das coisas vivas é provavelmente o melhor caminho para se viver em harmonia com a vida.

Você não acha que esta é uma incrível oportunidade para trabalhar junto com as crianças e desenvolver esse senso de integração e respeito à natureza ao mesmo tempo em que o ensinamos a elas?

Foto: Feliphe Schiarolli/Unsplash

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