Recentemente houve relatos de que Ousado poderia estar machucado. Que a onça-pintada estaria mancando. Preocupados que algo pudesse ter acontecido com ele, diante da nova onda de incêndios florestais que acometeram o Pantanal, alguns profissionais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Panthera Brasil e da organização Ampara Silvestre acharam por bem tentar encontrá-lo, já que estavam na região fazendo o monitoramento e eventual resgate de animais feridos pelas chamas.
Os relatos de avistamento de Ousado aconteceram numa área, na beira do rio, no Parque Estadual Encontro das Águas, no Mato Grosso, ao norte do Pantanal, e um dos lugares mais afetados pelo fogo nas últimas semanas. O parque abriga a maior concentração de onças-pintadas do mundo.
Após buscas por alguns dias e apenas o encontro de pegadas de onças, na segunda-feira (20/11), finalmente, Ousado foi achado. Bem e saudável, para alívio de todos! O macho de onça-pintada estava descansando na beira do rio, com a barriga cheia, próximo de um resto de carniça da qual tinha se alimentado.
“E depois de tudo que passamos em 2020, com esse gato que virou símbolo de resiliência, 2023 nos deu um susto de novo, fomos atrás pra ver o gatão depois de informações que nos (me) deixaram mais careca, mas o desfecho foi bacana… O caboclo é Guerreiro, ou melhor é Ousado… e eu?! Ahh, eu tô ficando velho e mole”, brincou Jorge Salomão Junior, veterinário e responsável técnico da Ampara Silvestre, organização que fez o resgate e cuidou de vários animais durante os incêndios que queimaram quase 30% do Pantanal há três anos.
Ousado foi um desses bichos. Ele foi encontrado naquela época com queimaduras de segundo e terceiro graus nas patas no Parque Encontro das Águas, próximo a Porto Jofre.
Com a ajuda de entidades parceiras, Ousado foi encaminhado para o Instituto Nex-No Extinction, em Corumbá do Goiás. Após mais de 20 dias de tratamento, ele recebeu alta, como mostramos nesta reportagem. Pouco depois, finalmente, foi levado de volta à mesma região onde foi resgatado e recebeu um colar GPS para poder ser monitorado.
Ele inclusive, ainda está com o colar, que já deveria ter caído.
Segundo Jorge, durante o avistamento de Ousado, mesmo à distância, foi possível notar que ele está bem.
É realmente um alívio porque mais de 1 milhão de hectares do Pantanal foram destruídos pelo fogo e milhares de animais morreram. Felizmente esta semana choveu naquela região e o fogo deu uma trégua.
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Foto de abertura: iCMBio