O Ministério da Agricultura, Florestas e Pesca do Japão comunicou ao Brasil a decisão de suspender a importação de aves vivas e carne de aves do estado de Santa Catarina após ter sido confirmado, no sábado, 15/07, foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), a gripe aviária, numa propriedade no município de Maracajá.
No local, encontravam-se múltiplas espécies de aves – galinha, galinha-d´angola, faisão, ganso, pato, perdiz e peru -, as quais, segundo o nota divulgada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, “eram criadas soltas e não eram destinadas à produção de produtos para comercialização”. Ainda segundo o comunicado, a propriedade possui uma pequena área alagada (açude), onde são avistadas aves silvestres de vida livre.
“Diante da situação, a propriedade está interditada desde o primeiro atendimento realizado pelo Serviço Veterinário Oficial (SVO). Após a confirmação, todas as aves foram eutanasiadas e as carcaças foram destruídas e enterradas”, informa o ministério.
O governo brasileiro esclarece que, de acordo com o Código Sanitário de Animais Terrestres da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), a ocorrência da infecção pelo vírus da influenza A de alta patogenicidade em aves silvestres e domésticas de subsistência não compromete a condição do Brasil como país livre de IAAP.
Já foram enviadas às autoridades japonesas informações e esclarecimentos sobre o caso e na próxima semana o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, estará presente em reuniões em Tóquio para tratar do assunto.
No final de junho, o Japão já tinha suspendido temporariamente a compra de carnes de aves produzidas no Espírito Santo, depois de ter sido registrado o primeiro caso de gripe aviária em aves domésticas no Brasil.
A chegada da doença ao país foi confirmada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária em 15 de maio. Atualmente já são 64 focos da doença. Há três semanas eram 51. Cada foco é uma unidade epidemiológica na qual foi diagnosticado pelo menos um caso da doença.
Além de Santa Catarina, foram confirmados registros no litoral do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná e Bahia (leia mais aqui).
A gripe aviária
O vírus H5N1, que provoca a gripe aviária, é altamente contagioso. Poucos dias após a contaminação, os sintomas já ficam visíveis, como paralisia e inchaço de partes do corpo, e vários órgãos param de funcionar. O sistema neurológico é comprometido e os animais começam a apresentar tremores. A taxa de mortalidade chega a 90%.
As aves migratórias, principalmente as aquáticas, são apontadas como as principais responsáveis pela transmissão da gripe aviária.
Em maio o governo federal declarou emergência zoossanitária no país e criou um Centro de Operações de Emergência para coordenar ações nacionais, envolvendo os ministérios da Agricultura e Pecuária, do Meio Ambiente e da Saúde.
Recomendações à população
– Apesar de rara, pode haver a transmissão da influenza aviária para o homem, por meio do contato direto com aves doentes ou mortas ou ainda por água e objetos contaminados;
– Não toque ou recolha aves suspeitas, doentes ou mortas;
– Apesar de rara, pode haver a transmissão da influenza aviária para o homem, por meio do contato direto com aves doentes ou mortas ou ainda por água e objetos contaminados;
– O Brasil continua livre de influenza aviária na criação comercial e mantém seu status de livre de influenza aviária, exportando seus produtos para consumo de forma segura. O consumo de carne e ovos se mantém seguro no país;
– Se notar uma ave com sintomas como tremor, andar cambaleante ou dificuldade respiratória, comunique às autoridades ambientais de sua cidade ou o Serviço Veterinário Oficial, por meio dos contatos disponíveis aqui e/ou pelo e-Sisbravet.
Orientações a produtores
- Intensificar as medidas de biosseguridade
- Proibir terminantemente qualquer tipo de visita às unidades de produção
- Conferir cercamento de núcleo e telamento de galpão
- Manter o portão de acesso da propriedade fechado
- Desinfecção de veículos em pleno funcionamento
- Desinfecção de materiais que acessem a granja
- Uso de roupas e calçados exclusivos no acesso à granja
- Pedilúvio no acesso aos núcleos e aos galpões
- Realização de vazio sanitário
- Cuidados com a ração
- Cuidados com a água (fonte de qualidade, tratamento, reservatórios íntegros e cobertos)
- Controle de pragas
- Treinamento de equipe
- Restringir criação de aves pelos funcionários
- Evitar visitas em locais com aves silvestres
- Ausência de outras aves na propriedade
- Se participou de evento relacionado ao setor, cumprir vazio sanitário de 72 horas
- Se participou de outro tipo troca de roupas e cumprir os protocolos de biosseguridade
- Entre outras ações, reforçando todas as medidas adotadas, conforme aInstrução Normativa do MAPA nº 56/2007.
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Foto de abertura: Xuân Tuấn Anh Đặng por Pixabay