O Velho Chico não é um rio qualquer. Nasce nas Minas Gerais, desafia o mapa do Brasil ao correr para o nordeste, para presentear os sertanejos com suas águas. Para acompanhar um rio como esse nos trechos mais secos de um Brasil continental era preciso ter uma árvore forte.
Na Caatinga, nos vales do São Francisco, reina a fascinante Barriguda. Irmã dos seculares Baobás africanos, dos Embarés, nativos na Croácia, Turquia e Madagascar exibe sua majestade por aqui e em nenhum lugar do mundo.
Quem já viu aquele tronco imponente, prenhe de vida, no entardecer nordestino não esquece.
Exuberante como ela só, a Barriguda resiste às secas mais inclementes por depositar no calombo protuberante em sua “barriga” uma quantidade razoável de água.
Assim que o azul do céu dá lugar às nuvens pesadas de chuva, a Barriguda é a primeira a anunciar a boa nova, desabrochando suas flores com impressionante rapidez.
Do dia para a noite, árvores que pareciam mortas floreiam em profusão, espalhando suas sementes, multiplicando a vida. Por causa das flores também é conhecida como paineira-branca e tem pomposo nome científico: Ceiba glaziovii.
Mesmo sendo assim tão rara, tão resiliente, tão importante, pode a qualquer hora sucumbir. As mudanças climáticas que elevam as temperaturas no planeta colocam em risco a sobrevivência da Barriguda e da Caatinga.
A savana brasileira é considerada um dos ecossistemas mais ameaçados do mundo.
Seja na Caatinga, seja em outro bioma, no campo ou na cidade, vamos precisar aprender logo, com a Barriguda, lições de resistência.
Fotos: Adriano Gambarini
Que bacana! A nossa Caatinga é preciosa.