*Por Welyton Manoel
Foram 14 anos de várias tentativas. Equipes inteiras voltadas para um objetivo em comum: tornar possível a reprodução em cativeiro de onças no Refúgio Biológico Bela Vista de Itaipu. E eis que no dia 28 de dezembro de 2016, nasceu o fruto de todo esse trabalho, como mostramos aqui.
A oncinha, filha do casal Valente e Nina, ficou sete meses sem um nome. Mas essa história mudou quando a Itaipu Binacional lançou através das redes sociais, um concurso para escolher o novo nome da filhote. Em menos de um mês, mais de 1.300 sugestões foram enviadas. Cinco foram selecionadas e uma foi escolhida.
Cacau (20.322 votos, 70%)
Gaia (3.474 votos, 12%),
Jade (2.030 votos, 7%),
Amora (1.873 votos, 6,5%)
Bela (1.166 votos, 4%)
E a partir de agora, a oncinha do Refúgio será chamada de Cacau. Na sexta-feira (11/98), uma cerimônia de batismo foi realizada para ela. O evento foi especial, e contou com flores, presentes e até um bolo de carne especial.
O nome vencedor teve 70% de aprovação, e foi uma sugestão da dona de casa Meiriele Ribeiro. A madrinha é de Ribeirão Preto (SP), e a ideia partiu de uma lembrança da infância – o que tornou a comemoração ainda maior.
“Na minha infância eu tinha uma gatinha, e a semelhança com essa oncinha é demais. Então, na hora que eu vi que poderia sugerir um nome pelas redes sociais, veio na minha cabeça este nome – e deu certo. Fiquei feliz demais e deu certo toda a campanha que fiz.”
Durante a cerimônia, houve uma preocupação para que o evento não ficasse muito humanizado. Toda a atividade respeitou os protocolos ambientais. É o que conta Wanderlei de Moraes, médico veterinário responsável pelo programa de reprodução da onça-pintada de Itaipu.
“Nós procuramos trabalhar tentando reproduzir o que aconteceria na natureza. Desde o acasalamento, que na verdade, a fêmea se junta com o macho por um curto período e depois se separa no seu próprio território, cria por aproximadamente um ano e meio, aí a mãe vai expulsar o filhote do seu território, mas sempre mantém o filhote isoladamente. Então essa preocupação é muito importante. Você reproduzir em cativeiro o máximo possível que acontece na vida selvagem. Quando você humaniza, perde um pouco dessa magia que seria a forma natural que o animal se mantém e se reproduz.”
O veterinário ainda ressalta a sensação da equipe pelo trabalho realizado e fala sobre os planos futuros para a espécie que corre risco de extinção. “Agora temos condições de reproduzir esse animal e ajudar na montagem de uma população de segurança da espécie. Ela está extremamente ameaçada na Mata Atlântica, com menos de 70 animais aqui na nossa região, e na Mata Atlântica como um todo, menos de 200 indivíduos.
Dentro do recinto, as três onças realizam uma espécie de revezamento. É que o pai, Valente, não pode ficar junto com a filhote, pois pode machucá-la. Isso garante o bem estar de toda a família.
*Texto publicado originalmente em 14/08/2017 no site da Web Radio Água
Fotos: divulgação