O incêndio que se propagou nos últimos dias pela Reserva São Francisco do Perigara, no município de Barão de Melgaço, no Mato Grosso, e atingiu um dos maiores refúgios da arara-azul no Pantanal, é mais um exemplo do impacto do fogo sobre a vida silvestre. Ontem (15/08), durante a busca por animais sobreviventes, o Grupo de Resposta a Animais em Desastres (GRAD Brasil), que está trabalhando na propriedade, que pertence à organização Onçafari, encontrou uma anta mancando.
A equipe do GRAD precisou sedar o animal, com um dardo tranquilizante, para poder examiná-lo. Infelizmente constatou que ele estava com as quatro patas e as glândulas mamárias queimadas pelo fogo. Foi montada então uma grande operação de resgate, que contou com a participação de diversos órgãos.
A anta, uma fêmea, foi transportada por um helicóptero do Exército Brasileiro para a base da Ampara Silvestre no Pantanal.
“Ela tem lesões importantes e acometimento ósseo”, revela Jorge Salomão Junior, veterinário e responsável técnico da organização. “O tratamento dela deverá ser bem longo e com prognóstico reservado”.
O termo “prognóstico reservado” significa que não existe certeza quanto às chances de recuperação, já que as lesões nas patas são muito graves. Isso indica que as chances de melhora são pequenas e talvez a anta nunca possa voltar à vida selvagem.
Assim como a tragédia que ocorreu no Pantanal em 2020, quando os incêndios queimaram quase 30% da vegetação do bioma e mataram 17 milhões de animais, mais uma vez, agora em 2024, o cenário se repete.
Entre as centenas de vítimas já conhecidas nessa nova catástrofe ambiental está, por exemplo, a onça-pintada Gaia, que era acompanhada desde o seu nascimento pelos biólogos do Onçafari.
Gaia, a onça que não conseguiu fugir do fogo
Foto: Lucas Morgado / Onçafari
Enquanto brigadistas combatem os focos de incêndio, uma das principais preocupações para as organizações que atuam no Pantanal é o resgate de animais feridos e ainda, garantir a sobrevivência daqueles que conseguem escapar das chamas, mas que enfrentarão dificuldade para encontrar alimentos.
Desde o começo do ano, o fogo já consumiu mais de 1 milhão de hectares do Pantanal. O trabalho de recuperação não será fácil. São esforços de longo prazo e que demandam investimento para que a fauna pantaneira não pereça.
E você também pode ajudar! Há várias campanhas de arrecadação de dinheiro nesse momento tão difícil.
Veja abaixo como contribuir com doações:
Ampara Animal
PIX 12791298000184
Onçafari
PIX 24.030.384/0001-53
GRAD Brasil
PIX doe@gradbrasil.org.br
Instituto Arara Azul
PIX 05.910.537/0001-02
Confira abaixo o vídeo que mostra o resgate da anta com as patas queimadas na Reserva do Perigara:
———————
Acompanhe o Conexão Planeta também pelo WhatsApp. Acesse este link, inscreva-se, ative o sininho e receba as novidades direto no celular
Leia também:
“Incêndios foram catastróficos, sem precedentes”, diz Neiva Guedes sobre impacto na área das araras-azuis
Em depoimento emocionado, bióloga homenageia Gaia, onça morta em incêndio no Pantanal
“O Pantanal tá rodeado de fogo”, relatam moradores desesperados sobre avanço dos incêndios
Incêndios no Pantanal ficam 40% mais devastadores devido às mudanças do clima, aponta rede internacional de cientistas
Resgatada sozinha, filhotinha Melancia é símbolo de nova tragédia no Pantanal
Foto de abertura: reprodução vídeo GRAD-Brasil
