Nas últimas semanas, as tristes cenas registradas no Pantanal em 2020, ano em que quase 30% do bioma foi queimado pelo fogo e 17 milhões de animais morreram, começaram a se repetir mais uma vez. Bichos carbonizados têm sido encontrados, como os filhotes de onça-pintada que viralizaram nas redes sociais. E foi justamente um felino da mesma espécie que se tornou símbolo da tragédia de quatro anos atrás: Ousado.
O macho foi achado no Parque Estadual Encontro das Águas, próximo a Porto Jofre, no Mato Grosso. Suas patas tinham queimaduras de segundo grau. Graças aos esforços de várias entidades, ele recebeu tratamento e foi solto na mesma região onde foi resgatado. Desde então, sempre que é reconhecido, Ousado é fotografado, como em 2021, nove meses após voltar ao Pantanal, quando foi visto acasalando e há poucos meses, flagrado atacando um jacaré e dando um salto espetacular.
Agora, quando o Pantanal mais uma vez é tomado pelo fogo, uma filhotinha de anta parece ter ocupado o lugar de Ousado. Ela é Melancia, como foi batizada pela equipe do Onçafari. Ela estava sozinha, porque a mãe provavelmente morreu durante os incêndios.
Melancia, a filhotinha que está sendo cuidada agora com muito carinho
Foto: Mario Haberfeld / Onçafari
Trabalho pela conservação
O Onçafari é uma organização não-governamental que fez um trabalho pioneiro no Pantanal na última década, ao aliar ecoturismo e pesquisa científica pela preservação das onças-pintadas. Com o passar do tempo, contudo, ampliou o foco para outras espécies e outros biomas do Brasil.
Só no Pantanal, o Onçafari já comprou três fazendas, que juntas representam uma área de cerca de 70 mil hectares. Elas são usadas para o projeto de conservação e proteção dos animais. Infelizmente, duas delas foram atingidas pelos incêndios recentes.
“Cerca de 65% da reserva Santa Sofia, no Mato Grosso do Sul, foi perdido”, relata Mario Haberfeld, CEO e fundador do Onçafari”. “Apesar de termos investido em diversas ações de prevenção e manejo integrado, o fogo veio muito forte. As chamas conseguem avançar pelo rio e pular para o outro lado”, conta.
Outra fazenda impactada pelo fogo é a Reserva São Francisco do Perigara, no Mato Grosso, que abriga cerca de 15% da população mundial da arara-azul.
Imagem da tragédia: macaco bugio encontrado carbonizado
Foto: Mario Haberfeld / Onçafari
Animais mortos e feridos
Nem todos os animais tiveram a sorte de Melancia. Infelizmente muitos não conseguiram escapar do fogo. Entre as vítimas encontradas pela equipe do Onçafari está Gaia. Ela tinha pouco mais de dez anos e era filha de Esperança, a primeira onça a ser familiarizada com o veículo da ONG, considerada a “mãe” do projeto. Além de Gaia, uma outra onça foi resgatada com as patas queimadas.
Onça com as patas queimadas pelo fogo
Foto: Onçafari
A principal preocupação da ONG neste momento é, não apenas tratar os animais feridos, mas fornecer alimentos e água para os que sobreviveram, através da construção de poços e açudes. O Onçafari também precisa reconstruir recintos e comprar novas armadilhas fotográficas, que que foram queimadas.
“A gente sempre tenta pensar com otimismo. O Pantanal vai se recuperar, mas precisamos ajudar os animais a sobreviver”, ressalta Mario.
Armadilhas fotográficas retorcidas mostram a força do fogo
Foto: Mario Haberfeld / Onçafari
Doações através do Recupera Pantanal
Para poder custear o trabalho de resgate, combate aos incêndios e compra de novos materiais, o Onçafari lançou a campanha Recupera Pantanal. Através do site é possível escolher um valor para ajudar o trabalho da equipe da ONG.
Ou então, você pode fazer um depósito diretamente pelo PIX 24.030.384/0001-53
Doe, ajude e compartilhe!
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Foto de abertura: Mario Haberfeld / Onçafari
Parabéns a esses defensores da bio diversidade, (Guerreiros)