A chuva tão esperada chegou hoje em regiões do Pantanal, que nos últimos dias foram castigadas pelos incêndios. A água que cai do céu traz um alívio momentâneo e um pouco de esperança para os pantaneiros e aqueles que trabalham na área ambiental no bioma. Aproveitando essa trégua, a bióloga Lilian Elaine Rampim, a “Lili”, como é carinhosamente conhecida pela equipe da organização Onçafari, usou as redes sociais para contar sobre a morte da onça-pintada Gaia.
A fêmea, que tinha pouco mais de dez anos, era uma das onças monitoradas pelo time da ONG desde seu nascimento. Ela foi encontrada sem vida, vítima das chamas. Mais um dos muitos animais que morreram recentemente acurralados pelo fogo.
Gaia era filha de Esperança, a primeira onça que passou pelo processo chamado de “habituação”, ou seja, se sentir confortável na presença dos veículos usados pelo Onçafari para a observação desses animais, uma forma de ecoturismo até então inédita no Brasil e nos últimos treze anos se provou um sucesso. Por essa razão, Esperança tem um lugar muito especial no coração da equipe, e considerada a “mãe” do projeto.
Consequentemente, Gaia também era um xodó de todos. Em um depoimento muito emocionado, Lili anunciou sua morte.
“A gente perdeu a Gaia. Ela era uma onça absolutamente especial, filha da Esperança, outra onça absolutamente marcante na história do Onçafari. A Gaia não teve tempo de se salvar do fogo. Infelizmente ele veio com muita intensidade, absolutamente cruel, lambendo tudo”, contou a coordenadora dos biólogos da ONG. “E eu queria só prestar essa homenagem a ela, essa onça incrível que nasceu em 2013… Ela gerou pelo menos quatro filhotes que a gente saiba. Ela foi uma mãe incrível, uma avó incrível. Ela deslumbrou centenas de hóspedes que visitaram a gente aqui ao longo desses anos.”
Lili revelou ainda que Gaia era muito leve e hábil, e frequentemente, era vista no alto das árvores.
“Foi um prazer acompanhar a jornada dela. Ela era incrível e a gente vai sentir muita saudade. A boa notícia é que ela gerou um monte de descendentes na vida dela aqui e a gente tem que continuar”, finaliza Lili chorando.
#RecuperaPantanal: ajude o trabalho do Onçafari
Conforme contei nesta outra reportagem, o Onçafari tem várias reservas no Pantanal, que juntas totalizam cerca de 70 mil hectares. Elas são usadas para o projeto de conservação e proteção dos animais. Duas delas foram atingidas pelos incêndios recentes. A Santa Sofia teve 65% de sua área queimada pelo fogo.
A principal preocupação da ONG neste momento é tratar os animais feridos, como a anta Melancia, uma filhote resgatada sozinha, e também garantir que os demais encontrem comida e água. Para isso, o plano é deixar frutas e outros alimentos para eles e construir alguns poços de água.
Para poder custear esse trabalho e ainda, o combate aos incêndios e a compra de novos materiais, o Onçafari lançou a campanha Recupera Pantanal. Através do site é possível escolher um valor para doar.
Ou então, você pode fazer um depósito diretamente pelo PIX 24.030.384/0001-53
Doe, ajude e compartilhe!
Gaia, ao lado de seu filhote Angelim, em 2019
Foto: J. Baschur / Onçafari
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Foto de abertura: Lucas Morgado / Onçafari
