Em geral as tarântulas são vistas pelos seres humanos como criaturas ameaçadoras. Mas muito dessa crença decorre de desconhecimento sobre a verdadeira natureza desses animais. E um novo estudo sugere que essas aranhas podem ser surpreendentemente bem mais amigáveis com outras espécies do que jamais imaginamos.
Ao analisar uma série de registros e trabalhos científicos já publicados, um grupo de pesquisadores internacionais descobriu que tarântulas podem conviver harmonicamente – e inclusive, no mesmo habitat -, com anfíbios, numa relação de benefício mútuo.
“Aparentemente, os sapos e rãs que vivem dentro das tocas das tarântulas se beneficiam do abrigo e da proteção contra seus predadores. Por sua vez, eles se alimentam de insetos e seus ovos e juvenis que podem ser prejudiciais à aranha”, revela Alireza Zamani, pesquisador da Universidade de Turku, na Finlândia, e principal autor do estudo. “Parece que as tarântulas podem não ser tão assustadoras e ameaçadoras quanto sua reputação sugere”, diz ele.
E não é só com anfíbios que as tarântulas parecem compartilhar esse tipo de amizade especial. Há documentação também da convivência pacífica desses aracnídeos com répteis, cobras e até, as formigas-de-correição, também chamadas de formigas-legionárias ou taocas, conhecidas por se alimentar de aranhas. “Observações indicam que formigas-correição tendem a ignorar tanto tarântulas adultas como seus filhotes. Isso é bem interessante, já que elas são costumam atacar e se alimentar de uma grande variedade de artrópodes”, ressalta Zamani.
Nos vídeos obtidos pelo grupo, as formigas são vistas entrando nas tocas das tarântulas, pegando restos de comida e limpando o ambiente, o que mostra por que a interação entre as duas espécies seria realmente benéfica.
Segundo o novo estudo, os pesquisadores sugerem, inclusive, que tarântulas desenvolveram pelos por causa dessas formigas.
“O pelo denso que cobre o corpo da tarântula dificulta que as formigas mordam ou a piquem. Portanto, acreditamos que a pilosidade pode ter evoluído como um mecanismo de defesa. Essa hipótese é apoiada por descobertas de que muitas tarântulas escavadoras do Novo Mundo cobrem seus sacos de ovos com pelos urticantes”, explica o pesquisador da universidade finlandesa.
As tarântulas, que pertencem à família Theraphosidae, podem ser encontradas no mundo todo praticamente, mas o Brasil é o local onde o maior número de espécies já foi descrito.
*Com informações e entrevistas contidas no texto de divulgação da Universidade de Turku
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Foto de abertura: Francesco Tomasinelli & Emanuel Biggi