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80% das emissões de carbono na última década vieram de 57 empresas, entre elas, a Petrobras

80% das emissões de carbono na última década vieram de 57 empresas, entre elas, a Petrobras

Entre 2016 e 2022, 80% das emissões globais de gases de efeito estufa foram feitas por apenas 57 empresas dos setores de petróleo, gás, carvão e cimento. Entre elas, na 28a posição do ranking Carbon Majors Database, está a multinacional brasileira Petrobras, que emitiu 2,84 milhões de toneladas de CO2e neste período.

Esse intervalo de tempo representa exatamente os sete anos após o estabelecimento do Acordo de Paris no final de 2015, quando 195 países assinaram um documento em que se comprometiam a reduzir suas emissões para limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5º C até o final deste século.

Infelizmente, a meta do acordo parece estar longe de ser atingida e a expectativa de cientistas do clima é que não será possível manter o crescimento da temperatura abaixo de 2oC. Menos ainda se depender das companhias citadas no levantamento elaborado pela organização não-governamental InfluenceMap.

O ranking revela que, na contramão do acordado em Paris há nove anos, as principais empresas do segmento de combustíveis fósseis, muitas delas estatais, diga-se de passagem, aumentaram sua produção, e consequentemente, as emissões de carbono na atmosfera, principais responsáveis pelo aquecimento global.

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Segundo a análise, na verdade, a maioria dessas companhias produziu mais combustíveis fósseis nos sete anos após o Acordo de Paris do que nos sete anos antes da adoção do compromisso.

“Esse levantamento é uma ferramenta fundamental para atribuir responsabilidade pelas alterações climáticas aos produtores de combustíveis fósseis com o papel mais significativo na condução das emissões globais de CO2. A nova análise mostra que este grupo não está desacelerando produção, com a maioria das empresas aumentando a produção após o Acordo de Paris. Esta pesquisa fornece um elo crucial para fazer com que estes gigantes da energia prestem contas das consequências das suas atividades”, denuncia Daan Van Acker, gerente de programas da InfluenceMap.

Abaixo as empresas que aparecem no topo do ranking entre 2016 e 2022:

80% das emissões de carbono na última década vieram de 57 empresas, entre elas, a Petrobras

O levantamento aponta ainda que as cinco principais empresas privadas do setor, Chevron, ExxonMobil, BP, Shell e ConocoPhillips, são responsáveis por 11,1% das emissões históricas de CO2 de combustíveis fósseis e cimento (196 GtCO2).

Praticamente o mesmo volume de carbono, 10,9%, foi emitido por outras cinco companhias estatais: Saudi Aramco, Gazprom, National Iranian Oil Company, Coal India e Pemex.

Multinacionais deveriam pagar compensação por danos

Em maio do ano passado, pesquisadores de duas instituições internacionais, a University de Milan-Bicocca e o Climate Accountability Institute, colocaram na ponta do lápis quanto cada uma dessas corporações deveria pagar anualmente para reparar pelos danos climáticos causados ao planeta, como por exemplo, contribuir para o aumento de ondas de calor, secas históricas, incêndios florestais, enchentes, o degelo nos polos

Para chegar a um valor, eles consultaram centenas de economistas especializados na questão climática para entender melhor os custos financeiros associados com o aquecimento global e avaliaram as emissões de carbono individuais dessas empresas. O levantamento apontou que a indústria petrolífera como um todo teria que desembolsar US$ 209 bilhões por ano para compensar o prejuízo que provocará entre os anos de 2025 a 2050.

Os pesquisadores calcularam também quanto cada uma deveria pagar, separadamente, nas próximas décadas. Entre as 21 analisadas, a Saudi Aramco, a maior companhia de petróleo do mundo, é de longe a que mais deve: algo em torno de U$ 43 bilhões por ano, cerca de R$ 215 bilhões anuais.

Segundo os especialistas, a Petrobras deveria desembolsar U$ 3,9 bilhões por ano para compensar seus danos.

Documentos já revelaram que desde a década de 70 essas multinacionais estavam cientes que a exploração dos combustíveis fósseis faria com que a temperatura no planeta aumentasse. Entretanto, até hoje, elas não pagaram um centavo de compensação. Zero. Nada.

80% das emissões de carbono na última década vieram de 57 empresas, entre elas, a Petrobras

Gráfico revela o aumento exponencial da produção de combustíveis fósseis desde 1860
Fonte: Carbon Majors Database

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Foto de abertura: domínio público/pixabay

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