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Nova York declara guerra aos combustíveis fósseis: processa companhias petrolíferas e pressiona fundos de pensão


Trump que se cuide! Alguns americanos não estão nada felizes com seu ceticismo climático e com as empresas que só pensam em lucrar a qualquer custo, mesmo que isto signifique comprometer o presente e o futuro. O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, é um deles.

Na semana passada, ele anunciou que entrou com ação judicial contra cinco companhias petrolíferas: BP, Chevron, ConocoPhillips, Exxon Mobil e Shell. Mas não foi só isso: ele também está pressionando os fundos de pensão a pararem de investir em combustíveis fósseis; dos 189 bilhões de dólares administrados anualmente pelos cinco maiores fundo da cidade, cerca de 5 bilhões de dólares são títulos de incentivo às petroleiras.

Assim, De Blasio quer que a cidade de Nova York se torne mais ativa no combate às mudanças climáticas, que têm tirado o sono de seus moradores.

Os documentos que embasam a ação contra as petroleiras citam que a cidade americana sofreu inundações e erosão devido às alterações do clima e que, por conta de ameaças futuras, é importante que os custos de ações urgentes para proteger a cidade dos impactos que virão sejam assumidos por estas companhias. Trata-se exatamente de “prejuízos climáticos para os quais cientistas e consultores dos réus vêm alertando os mesmos há décadas”.

Para o prefeito, não há a menor dúvida de que as tragédias provocadas pelo aquecimento global são, em grande parte, responsabilidade das petroleiras. O processo judicial destaca que 100 produtores de combustíveis fósseis são responsáveis por quase 2/3 de todas as emissões de gases de efeito estufa desde a Revolução Industrial, mas que as maiores contribuições vieram dos citados.

“Sua ganância nos colocou nesta situação”, disse. Por isso, cabe a elas bancar o custo para mitigação de seus efeitos, tornando a cidade “mais segura e mais resiliente. Estamos levando a luta contra as mudanças climáticas para as empresas exploradoras dos combustíveis de fósseis, que sabiam sobre seus efeitos e intencionalmente induziram o público a proteger seus lucros”.

De acordo com o jornal O Valor Econômico, exceto a BP, as demais companhias se pronunciaram sobre o processo, indicando – de forma geral – que não acreditam em uma ação como essa para resolver a questão.

Vale lutar contra empresas tão poderosas?

Em setembro do ano passado, as cidades americanas de São Francisco e Oakland entraram na Justiça com processo similar, contra as mesmas companhias. As ações ainda não tiveram efeito, mas certamente trarão alguma consequência, por menor que seja. Neste caso, a opinião pública conta muito e sabemos que a força popular pode alterar os rumos da história. Eis uma boa história, que já contamos aqui, no Conexão Planeta.

Lançada em 2011, a iniciativa internacional DivestInvest uniu universidades americanas e rapidamente se espalhou pelo mundo com a proposta de pressionar empresas e organizações para que não invistam mais seus recursos em combustíveis fósseis e não tenham ações ligadas a companhias petroleiras, fazendo melhor uso de seu dinheiro: o desenvolvimento de energias renováveis.

Em 2015, duas mil pessoas físicas e 436 instituições, de 43 países, haviam aderido a esse movimento e o desinvestimento já estava em torno de U$$ 2,6 trilhões. Em setembro do ano passado – justamente quando as cidades acima citadas processaram as mesmas companhias – o ator e ativista socioambiental Leonardo di Caprio aderiu à causa. Hoje, são 59.509 pessoas, 783 organizações – entre elas a Fundação Rockefeller, a Universidade da Califórnia e o grupo de mídia britânico The Guardian – e U$$ 6 trihões de dólares tirados do petróleo.

Leia também:
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BNDES corta apoio a usinas térmicas fósseis
Jovens vão processar governo americano por não fazer nada contra as mudanças climáticas

Foto: Patrick Tomasso/Unsplash

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