A ativista sueca Greta Thunberg esteve no sábado na manifestação que reuniu 35 mil pessoas em Lützerath, um vilarejo que foi demolido, na Alemanha. É lá que a gigante multinacional do setor de energia RWE irá expandir ainda mais a produção de linhito, um dos tipos de carvão mineral mais poluentes que há no planeta.
Lützerath, conforme contei nesta outra reportagem há poucos dias, é hoje um dos maiores movimentos contra a exploração de combustíveis fósseis na Europa. O que seria produzido no local, estimados 280 milhões de toneladas de linhito estão abaixo do solo do que foi no passado a cidadezinha rural, seriam englobados pelo complexo de Garzweiler, uma das maiores usinas de carvão de céu aberto do continente.
“O que a Alemanha está fazendo agora é uma vergonha. Quando o governo e as corporações agem assim, destruindo o meio ambiente… o povo se posiciona”, disse Greta, que fez um breve discurso para os manifestantes.
Houve confronto entre os ativistas e a polícia. Segundo as autoridades, houve invasão de áreas proibidas. Os manifestantes construíram casas em cima de árvores e também fizeram túneis para continuar nas imediações de Lützerath. Organizações de proteção ambiental denunciaram o uso de violência desnecessária.
“Ontem os nossos paramédicos ficaram chocados e tiveram muito trabalho. A ação desenfreada da polícia contra manifestantes em sua maioria pacíficos colocou uma grande pressão sobre nossas capacidades. Tivemos que cuidar de muitos pacientes e transferir vários feridos para o hospital até tarde da noite”, afirmou Iza Hofman, da organização Ende Gelände.
35 mil pessoas protestaram contra a expansão da mina a céu aberto Garzweiler II. Eles se opõem aos planos da empresa de energia RWE, que deseja escavar o carvão prejudicial ao clima sob Lützerath
(Foto: Bernd Lauter/Greenpeace)
Em 2020, a Alemanha anunciou que deixaria de usar o carvão, como fonte de energia, desativando suas usinas, gradualmente, até 2038, para que atingisse a meta de se tornar carbono neutra em 2045. Entretanto, o governo alega que com a invasão russa à Ucrânia e a interrupção do abastecimento de gás natural, o país precisa ampliar a produção de carvão.
Entretanto, de acordo com um estudo realizado por duas instituições europeias, a Alemanha tem reservas suficientes de carvão para atender sua demanda interna, mesmo com o corte de gás natural causado pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
“A ciência é clara: precisamos manter o carbono embaixo da terra”, ressaltou Greta.
Greta falando para os manifestantes
(Foto: Bernd Lauter/Greenpeace)

Nem a chuva e o frio dispersaram os ativistas
(Foto: Berndt Lauter/Greenpeace)
*Com informações dos sites The Guardian, BBC e Ende Gelände
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Foto de abertura: reprodução Instagram Greta Thunberg