A cena não é inédita, mas toda vez que é registrada continua sendo comovente. E comprova o que muitos especialistas em vida selvagem já afirmaram antes: que muitas espécies de animais apresentam sentimentos como luto e tristeza. No caso dos cetáceos, é algo conhecido. Em 2018, a orca Tahlequah ganhou as manchetes mundiais por, durante 17 dias, ter ficado empurrando o corpo do filhote, morto, na região de Seattle, no estado de Washington, como mostramos nesta outra reportagem. Agora, um novo flagrante feito na costa de Portugal, mostra mais uma vez, o sofrimento e o desespero de uma mãe ao perder seu recém-nascido: dessa vez foi um golfinho.
O vídeo foi gravado pela bióloga Margarita Samsonova, que estava acompanhando uma expedição da Associação para a Investigação do Meio Marinho (AIMM), que trabalha no monitoramento e pela conservação da vida marinha na costa de Portugal, no Mar Mediterrâneo.
Após cerca de cinco horas no mar, próximo da região de Albufeira, a equipe da embarcação notou um grupo de aproximadamente 25 golfinhos, que apresentavam um comportamento atípico. Foi então que notou-se que uma fêmea estava tentando trazer o corpo de um filhote para a superfície da água.
“Os golfinhos estavam se comportando de maneira muito incomum, pulando mais alto que o normal e fazendo vocalizações muito estranhas. Então percebemos a mãe com o filhote. Ele estava morto e ficou claro que ela estava tentando trazê-lo à superfície”, contou Margarita. “Instantaneamente eu chorei, foi realmente de partir o coração e muito doloroso assistir aquele momento”.
Tanto golfinhos como baleias são considerados animais muito inteligentes e extremamente sociáveis, passando a maior parte de sua vida dentro de grupos. E o luto pode ser um dos comportamentos sociais apresentados por essas espécies.
Nascida na Letônia, país situado no Mar Báltico entre a Lituânia e a Estônia, Margarita Samsonova viaja o mundo documentando a vida selvagem.
“No verão passado estávamos filmando um projeto de documentário e uma das organizações que filmamos era a AIMM. Nosso objetivo era aumentar a conscientização sobre o trabalho da ONG e práticas responsáveis de observação de baleias. Acabamos nos deparando com o flagrante da mãe com o filhote durante a patrulha diária com eles”, contou ela ao Conexão Planeta.
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Foto: reprodução vídeo Margreen e vídeo cedido gentilmente por Margarita Samsonova