Orca que comoveu o mundo há dois anos, ao passar duas semanas carregando filhote morto, procria novamente

Orca que comoveu o mundo há dois anos, ao passar duas semanas carregando filhote morto, procria novamente

No verão de 2018, uma cena chocou e comoveu não apenas os moradores da costa noroeste americana, mas do mundo todo. Durante dias, uma orca ficou empurrando o corpo do filhotemorto, na região de Seattle, no estado de Washington, como mostramos nesta outra reportagem.

Segundo biólogos, as orcas que vivem no Mar de Salish mostram sinais de estresse porque estão com fome. E são dois os motivos principais para isso: o tráfego intenso de barcos e navios, que provoca poluição sonora e afeta a capacidade desses cetáceos de encontrar comida e… a própria falta de alimentos, principalmente, o salmão, a principal base de sua dieta.

E se não bastasse a escassez do peixe, como estão no topo da cadeia alimentar, esses cetáceos estão sendo seriamente afetados pela contaminação marinha. Um estudo divulgado há alguns anos revelou que a poluição química nos oceanos pode matar 50% da população dessa espécie.

Mas pelo menos há uma boa notícia nesses últimos dias. Tahlequah, a orca fêmea que carregou seu filhote sem vida durante duas semanas, acaba de parir novamente. A informação foi divulgada pela equipe do Center for Whale Research, que faz o monitoramento de vários grupos de orcas naquele país.

“O novo filhote parece saudável, nadando vigorosamente ao lado da mãe em seu segundo dia de nado livre. Sabemos que ele não nasceu hoje porque sua nadadeira dorsal estava ereta e sabemos que leva um ou dois dias para que isso aconteça, então atribuímos seu aniversário como 4 de setembro de 2020”, afirmaram os biólogos da organização.

Todavia, os especialistas sabem que há ainda muito a ser feito para garantir a sobrevivência da espécie. “Esperamos que este filhote seja uma história de sucesso. Lamentavelmente, com as baleias tendo tanto estresse nutricional nos últimos anos, uma grande porcentagem de gestações fracassa e há cerca de 40% de mortalidade de jovens orcas”.

Tahlequah nadando ao lado de seu novo filhote

Quem é a orca?

Entre os leigos, ela é mais conhecida como orca. Já para os cientistas, é a killer whale (baleia assassina, em inglês). A origem deste último nome é baseada na observação de cientistas, que notaram que o animal caça baleias.

Apesar de ser chamada de “baleia”, a orca (Orcinus orca) é um cetáceo, que pertence à família dos golfinhos – o maior deles, por isso mesmo, suas características físicas são bastante semelhantes com a de seus primos. Como outros cetáceos, elas podem ser identificadas individualmente pelos cientistas por causa de marcas naturais e diferenças no tamanho e formato das nadadeiras.

Os machos geralmente são maiores que as fêmeas. As orcas chegam a medir entre 5 a 9 metros de comprimento e podem pesar até 5.400 kg. Até hoje, o maior macho já achado media 9,8 metros e tinha mais de 9 kg.

Poluição química nos oceanos pode matar 50% da população das baleias orcas

O ciclo de vida das orcas é muito similar ao dos humanos. As fêmeas atingem a maturidade por volta dos 15 anos (mas os pesquisadores do Center for Whale Research já registraram o nascimento de um filhote de orca de apenas 11 anos). O período de gestação dura entre 15 e 18 meses e em geral, nasce um filhote a cada cinco anos. O indíce de mortalidade é muito alto: entre 37% e 50% deles morrem antes de completar o primeiro ano de vida.

A longevidade das orcas fêmeas é de 50 anos, todavia, muitas delas chegam a viver até os 100. Atualmente, J2* é a baleia mais velha sendo acompanhada pelos pesquisadores americanos. Ela tem 103 anos. Já os machos, vivem bem menos. Soltos na natureza, eles chegam aos 29 anos, podendo atingir, entretanto, 50 ou 60. Mas quando são presos em cativeiro, estes animais perdem quase 25 anos de sua vida.

*Para poder estudar individualmente cada baleia, os cientistas do Center for Whale Research batizam os grupos de orcas por letras e dão um número a cada uma delas, por isso o nome “J2”.

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Fotos: Katie Jones (abertura) e Dave Ellifrit for Center for Whale Research e Brodie Guy/Creative Commons/Flickr 

3 comentários em “Orca que comoveu o mundo há dois anos, ao passar duas semanas carregando filhote morto, procria novamente

  • 10 de setembro de 2020 em 10:09 AM
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    O homem está destruindo a natureza e logo, chegará a sua vez.

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  • 1 de janeiro de 2021 em 7:58 AM
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    Que bom que ela teve outro filhote deve sofrer igual ser humano quando perdi um filho muito triste saber que homem está destruindo tudo

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  • 3 de janeiro de 2021 em 8:38 AM
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    Fico tão feliz em saber que a Orca teve outro filhote, espero que ele sobreviva. História emocionante me comovi com o sofrimento desta mãe ao perder seu filhote.

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.