Meu último texto do ano no Conexão Planeta costuma ser um convite a consumir menos e com propósito. Em 2020, ano complicado em que vivemos a pandemia da covid-19 e retrocessos em políticas sociais e de saúde, e também na área ambiental, fazer isso parece ainda mais necessário.
Possivelmente há perto de você opções de presentes da economia solidária, de artesãos, do comércio local e da agricultura familiar. Ou mesmo online, meio que se tornou tão comum neste ano. Aproveito este post para indicar algumas possibilidades de conexão.
Começo com a economia solidária e saúde mental. Meu post anterior foi sobre os retrocessos na política de saúde mental, álcool e outras drogas, anunciados pelo governo federal. A economia solidária e a saúde mental andam juntas quando o assunto é incluir as pessoas por meio do trabalho em grupos produtivos.
Na cidade de São Paulo, itens produzidos por grupos da economia solidária e saúde mental podem ser comprados nos pontos Benedito – que inclusive está com uma ‘vaquinha’ aberta para arrecadar recursos e se manter em funcionamento – e Butantã – que agora vendo os produtos também online. Lá estão reunidas diversas opções de presentes, como roupas, cadernos, acessórios, adereços, livros e alimentos.
Em Guarulhos, o Projeto Tear promove o Bazar do Tear, que segue até o dia 08 de janeiro de 2021 e tem o objetivo de gerar renda para as 120 mil famílias atendidas pelo projeto.
O Tear produz acessórios pessoais e para a casa em mosaico, desenvolvidos a partir do reaproveitamento de garrafas e confeccionados em fusão em vidro. E cachecóis, xales, mantas e tecidos exclusivos também estão no Bazar.
O Projeto Tear é um serviço da rede de atenção psicossocial do município de Guarulhos, que atua no campo da inclusão pelo trabalho, convivência e cultura da população em situação de sofrimento psíquico e outras vulnerabilidades socioafetivas.
Em São Bernardo do Campo, a Rede Balsear, grupo de mulheres artesãs que produz peças utilitárias e decorativas em cerâmica tendo as folhas da Mata Atlântica como inspiração, vende online pratos, fruteiras, copos, travessas e acessórios únicos.
O Armazém das Oficinas, localizado em Campinas, também oferece opções de presente e ceias para o Natal, e atende também online. Peças em vitrais, acessórios para casa, cadernos, brinquedos e muitos outros itens.
As vendas do Armazém contribuem para a geração de renda e inclusão social de 300 artesãos da cidade de Campinas que têm dificuldade de encontrar vagas no mercado formal de trabalho.
Amazônia, povos originários e biodiversidade
A campanha Amazônia em Casa, Floresta em Pé também continua ativa. Lá é possível comprar presentes e ingredientes para a ceia. Sandálias, bolsas, acessórios, artesanato indígena e delícias como o tucupi, chocolates, geleias, biscoitos e café figuram entre os itens disponíveis para compra online.
Todas as marcas que compõem a campanha geram impacto positivo para a Amazônia, ajudando a conservar a floresta, gerar inclusão e renda para comunidades da região e a valorizar os saberes ancestrais.
O Instituto Socioambiental (ISA) também comercializa diversos produtos da floresta em sua loja virtual. Mel do Xingu, pimenta Baniwa, óleo de babaçu e de pequi, castanhas e cogumelos Yanomami, além de publicações, vestuário e jogos.
Você também pode fazer uma doação para o ISA e ajudar o Instituto em seu trabalho de defesa dos direitos socioambientais, em especial dos povos indígenas do Brasil.
A Biobá é também uma boa plataforma para compras da biodiversidade, promovendo a conexão entre produtores agroecológicos organizados em rede com iniciativas de comercialização solidária. Castanhas, óleos, farinhas, geleias, temperos e outros itens podem ser encontrados lá.
Funcionamento semelhante tem o AmazôniaHub. Além de oferecer os incríveis sabores amazônicos, a plataforma oferece óleos, géis, argilas e uma série de outros itens presenteáveis que levam bem-estar e cuidado para as pessoas. E também acessórios como bolsas, anéis, pulseiras, colares e cosméticos.
Para a ceia
O preparo da ceia natalina também pode utilizar alimentos da agricultura familiar e da região onde moramos. Por aqui, tenho consumido hortaliças do Balaio Orgânico já há alguns anos, e em 2020 conheci a Musa Orgânicos. Passei a comprar dos dois. Recebo em casa hortaliças, frutas e verduras e ajudo a agricultura familiar.
Vale pesquisar agricultores orgânicos na região onde você mora e passar a comprar deles. Além de consumir comida mais saudável, você ajuda a sustentar a agricultura familiar.
Assentamentos do MST em várias regiões do país também comercializam alimentos saudáveis e orgânicos. E oferecem cestas de Natal em algumas localidades. Se tem Armazém do Campo na sua cidade, a variedade de produtos da reforma agrária disponível é até maior. Em São Paulo, o Armazém tem uma plataforma para compras online.
Doações
E por que não doar para que o fim de ano de outras pessoas tenha também um pouco de luz e alimento? A campanha Gente é pra brilhar reúne várias associações que trabalham com a questão alimentar, promovendo preparo e doações de marmitas e refeições a quem tem fome. E como esta, muitas outras iniciativas existem, espalhadas por todo o Brasil.
Termino o ano torcendo pra que tudo o que passamos em 2020 seja combustível para uma vida com mais propósito, para desenvolver o olhar para uma outra economia, que tem as pessoas em seu centro. Para uma outra relação com a natureza.
A mudança é lenta, mas já vejo alguns sinais e prefiro nesse momento olhar para o copo meio cheio por questões de sanidade.
De uma coisa tenho certeza: a sociedade civil, mais do que nunca, foi e será resistência em 2021. Juntos, incentivamos um outro mundo.
Nos vemos – ou lemos – em 2021!
Foto: David Zawilla/Unsplash