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O quintal dos bichos sem bichos

O quintal dos bichos sem bichos

Durante muito tempo, o quintal de casa – onde funciona também nosso escritório – ficou conhecido pela quantidade de bichos que aparecia aqui com frequência.

Cutias, quatis, macacos, tatus, tamanduás e lobinhos, além de diversos tipos de aves, alguns répteis e anfíbios, eram presença constante. Este ambiente tem sido nossa inspiração profissional, já que, bem ao lado do escritório, existe um pequeno laguinho onde podemos ver tais animais através de uma grande janela. As fotos que ilustram esta postagem, por exemplo, foram feitas a menos de 3 metros do local, parte delas, de dentro da nossa sala de trabalho.

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Porém, de um ano para cá, começamos a notar uma redução súbita e significativa na quantidade de bichos nos arredores, principalmente, mamíferos. Por vários meses, me senti frustrado e preocupado, já pensando em responsabilizar a expansão agropecuária pelo declínio na presença da nossa bicharada.

Todavia, algo me intrigava, já que a mudança aconteceu de forma relativamente rápida, não condizendo com uma alteração ambiental gradual, como a substituição de vegetação nativa por lavouras e pastagens. E foi então que, semana passada, tive um pensamento que mudou minha perspectiva.

Alguns meses atrás, começamos a ouvir relatos de pessoas do nosso bairro sobre uma onça-parda que estaria andando por aqui. Também nos falaram sobre uma jaguatirica aparecendo nos quintais das casas. No início de setembro, o vídeo feito por um morador com seu celular confirmava os boatos: um filhotão de onça-parda ficou posando em sua frente por cerca de um minuto, a uns 300 metros de nossa casa. Foi daí que comecei a ligar os pontos: será que a presença destes predadores poderia ser a real causa do sumiço dos demais bichos? Consultei o Mauricio Godoi, ecólogo especialista em fauna e também fotógrafo de natureza, e ele disse que minha linha de raciocínio fazia bastante sentido.

Então, agora surgiu um novo desafio fotográfico: já que os bichos de antes deram uma sumida, é hora de tentar fotografar estas onças e jaguatiricas que talvez tenham os espantado para longe – espero em breve ter boas novidades para contar por aqui!

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Sandra
Sandra
6 anos atrás

Quando animais, selvagens ou silvestres, se aproximam “sem medo” da área urbana, expondo-se aos perigos que seres humanos representam para eles, é porque civilizados adentraram além dos limites racionais para o habitat deles, roubaram seu espaço e fontes alimentícias e agora se deparam com eles em suas casas, hoje uma serpente no banheiro, amanhã uma onça no quintal, um macaquinho na varanda ou um outro espécime na piscina. O medo que animais sentiam dos humanos era a garantia de vida deles, fugindo sempre que sentiam o cheiro das pessoas ou ouviam seus passos porém hoje, a fome está gritando mais alto e eles estão buscando alimento em qualquer parte, até mesmo na cozinha dos “inimigos” naturais deles, seus ancestrais depredadores. Muito lógico que animais venham requisitar o que roubamos deles, como “civilizados” costumam extorquir das espécies “inferiores” quando priorizam suas necessidades fictícias em detrimento dos direitos dos bichos. Consideramos “nosso” o que sempre foi deles, usurpamos limítrofes e avançamos sobre pegadas sagradas de solos santuários que a ambição e insanidade humanas consideram sua posse, por isso agora não vale chorar pelo leite derramado, é suportar as conseqüências de nosso egoísmo e imaginária supremacia, até quando Deus quiser ou também suportar.

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4 anos atrás

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