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O mundo é nossa verdadeira sala de aula


“Comecei a ler o livro Uma breve história do tempo, do Stephen Hawking, me contou a Ana Carol Thomé – parceira nas atividades do programa Ser Criança é Natural e neste blog –, toda animada. “Física nunca foi meu forte na escola e, só depois que comprei o livro é que me lembrei disso”, continuou, e disse mais:

“Ao mesmo tempo, deixei-me abrir às possibilidades e escutar o que Hawking tinha pra me dizer. Logo no primeiro capitulo, ele me fez sentir vontade de prosseguir com a leitura. As páginas foram passando.

Ele me contou histórias sobre Aristóteles, Copérnico, Galileu, Einstein e tantos outros nomes dos quais já tinha ouvido falar ou estudado em algum momento na escola. Mas Hawking foi muito além das descobertas e teorias: contou sobre a situação pela qual passaram e que os ajudou a chegar em suas conclusões. E isso fez com que as coisas que eu apenas sabia que existiam, passassem a fazer sentido”.

Entusiasmada com a companhia inusitada do físico, ela acrescentou: “Todas as histórias falam da relação dos descobridores com o mundo. Como Aristóteles, observando os eclipses, fez a primeira proposição de que a Terra não era plana, mas, sim, esférica. Como Copérnico, observando a movimentação dos astros, chegou à conclusão de que a Terra girava em torno do Sol e não o oposto. E o que todos eles me mostraram, com suas descobertas e conclusões, é aquilo no qual já acredito: é preciso estar “do lado de fora” para enxergar melhor, é preciso observar o mundo e se relacionar com ele”.

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A partir dessas observações, refletimos juntas sobre o quanto a repetição de fatos já descobertos, em sala de aula, nos transformam em pessoas repetidoras de um saber, sem treino do olhar para observar o mundo ao redor e fazer as próprias descobertas, chegar às próprias conclusões.

Concordamos que, em nossas experiências pessoais, estar “dentro da sala de aula”, sentadas em fileiras ouvindo o professor falar não nos ajudou a compreender teorias e observá-las no mundo vivido. Ficamos imaginando como seria, hoje, a nossa compreensão da natureza se tivéssemos tido um professor que nos levasse pra fora. Se tivéssemos tido, primeiro, experiências diretas com os temas estudados, por exemplo. Se tivéssemos observado o céu diretamente para, então, aprender o que já se sabe sobre ele.

Ah… Se pudéssemos observar o mundo a partir de experiências diretas com ele, talvez fôssemos muito mais protagonistas e poderíamos construir mundos muito mais harmônicos do que o que temos hoje.

E todas essas elucubrações confirmaram o acerto de nossa trajetória com o Ser Criança é Natural. Precisamos deixar que as crianças brinquem e experimentem o mundo, que o lado de fora seja a verdadeira sala de aula, que poderia inclusive mudar de nomenclatura.

No nível Educação Infantil, sala de aula foi substituída por sala de referência. Ou seja, um local onde as crianças têm acolhimento e objetos de referência, MAS não permanecem ali o tempo todo.

Você, que é educador, sabe calcular quanto tempo ocupa os espaços externos da escola com as crianças (sejam elas do berçário ou do ensino médio)? Que momentos são esses?

Muitas vezes o tempo que as crianças passam do lado de fora se restringe ao horário do intervalo, do recreio. Mas será possível ocupar os espaços externos como parques, jardins, praças não apenas no intervalo, mas para momentos de aprendizagem? Como podemos repensar essa ocupação e como esses momentos podem ser produzidos para que o conteúdo não seja apenas cumprido, mas seja, também, sentido?

A escola não deve ser alheia ao mundo. O mundo deve ser a verdadeira escola.

Foto: Renata Stort

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