Logo após a invasão da Rússia à Ucrânia, a bailarina Olga Smirnova se demitiu do Bolshoi, a companhia de balé mais famosa do mundo. Em protesto contra a guerra, ela foi uma das primeiras artistas russas a se manifestar publicamente contra a chamada “operação militar” promovida pelo governo de Vladimir Putin e deixou seu país natal.
“Com todas as fibras da minha alma, sou contra a guerra… Nunca pensei que teria vergonha da Rússia, sempre tive orgulho do povo russo talentoso, de nossas conquistas culturais e atléticas. Mas agora sinto que foi traçada uma linha que separa o antes e o depois. Dói que as pessoas estejam morrendo, que as pessoas estejam perdendo os tetos sobre suas cabeças ou sejam forçadas a abandonar suas casas. E quem teria pensado algumas semanas atrás que tudo isso iria acontecer? Podemos não estar no epicentro do conflito militar, mas não podemos ficar indiferentes a esta catástrofe global”, escreveu a bailarina em suas redes sociais no início de março.
Desde então, Olga foi acolhida pelo Dutch National Ballet, na Holanda. Assim como ela, o brasileiro Victor Caixeta, que era solista do Bolshoi, abandonou a companhia e foi embora de Moscou, após viver cinco anos no país. Ele também se juntou ao corpo de baile holandês.
E ontem (04/04), tanto Olga como Victor – que aparecem na imagem que abre este post – subiram ao palco do histórico Teatro Di San Carlo, em Nápoles, na Itália, ao lado de dezenas de outros bailarinos, entre eles, vários ucranianos e as estrelas da Ópera de Kiev, Anastasia Gurskaya e Stanislav Olshanskyi. A apresentação de gala beneficente “Stand With Ukraine – Ballet for Peace” tinha como objetivo arrecadar recursos destinados à Cruz Vermelha e seu trabalho junto às vítimas da guerra.
“Eu acho que é importante nessa situação e nesse momento estarmos juntos no palco e fazermos mesmo que pequenas coisas pela Ucrânia”, afirmou Olga.
O final da apresentação do “Stand With Ukraine – Ballet for Peace”
Diante de uma plateia lotada, russos e ucranianos se uniram para celebrar a paz e a dança. Dentre os 26 bailarinos que se apresentaram em Nápoles, cinco eram russos e nove ucranianos.
“Eu amo o povo ucraniano. Somos todos amigos e no mundo do balé, somos todos dançarinos, não há nacionalidade… Somos artistas e não há fronteiras para a arte”, disse Maria Yakovleva.
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Fotos: divulgação Teatro Di San Carlo e vídeo Euronews