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Morre Lady, que viveu 40 anos em circo, mas ganhou amor e dignidade no Santuário dos Elefantes Brasil

Morre Lady, que viveu 40 anos em circo, mas ganhou amor e dignidade no Santuário dos Elefantes Brasil

“Planejamos colocá-la para descansar fora das cercas do habitat, porque Lady estava sempre olhando para ver o que havia além da próxima colina, vale ou clareira gramada. Queremos homenagear a parte dela que queria uma vida que não a contivesse. Agora, seu corpo e seu espírito sabem exatamente isso”. Foi dessa maneira linda e delicada que o Santuário de Elefantes Brasil (SEB) compartilhou a morte de Lady. A elefanta, que tinha aproximadamente 52 anos, partiu na noite de quarta-feira, 15/05.

Lady chegou ao santuário, localizado na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, em novembro de 2019. Praticamente durante sua vida inteira ele viveu em cativeiro. Foram 40 anos em circos e seis em um zoológico.

Em 2013, Lady foi resgatada do Circo Europeu Internacional pelo Ibama do Rio Grande do Norte e enviada para o Parque Zoobotânico Arruda Câmara, mais conhecido como Bica, em João Pessoa (PB), onde era mantida em condições precárias.

Após uma longa negociação, há pouco mais de quatro anos, a justiça determinou que a elefanta asiática fosse transferida o SEB. Além da idade avançada, ela tinha uma doença nas articulações provocada provavelmente por sérios problemas nas patas.

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Ao longo dos últimos anos, Lady foi cuidada com muito amor e dignidade e teve a companhia de outras moradoras do santuário. Todavia, há seis meses seu quadro de saúde começou a deteriorar até que esta semana, a elefanta não se levantava mais e decidiu-se pela eutanásia.

“Uma das coisas que dizemos a todos os nossos elefantes é: vocês lutam, nós lutamos. Trabalharemos sempre para ajudar um elefante que ainda se esforça para viver. Oferecemos água para Lady, água de coco e Gatorade, mas ela simplesmente colocava na tromba e cuspia. Ela não estava muito interessada em comida, e quando lhe dávamos alguma coisa para comer, na maioria das vezes ela apenas segurava na boca até adormecer, e então a comida simplesmente caía”, relatou a equipe do santuário, que continou.

“Parte da autonomia consiste em dar a cada elefante a capacidade de decidir não continuar. As únicas razões para não respeitarmos o que Lady parecia nos dizer seriam egoístas. Por mais difícil que seja a constatação, todos sabíamos que esse problema não iria desaparecer. Mesmo que ela magicamente decidisse se levantar, estaríamos no mesmo lugar que ela em uma semana, um mês ou possivelmente em mais algumas horas. Consultamos especialistas de todo o mundo sobre seus cuidados e tratamentos, desde zoológicos a santuários e instalações humanas e equinas; tentamos medicina tradicional, terapias complementares como laserterapia, homeopatia, trabalho energético, qualquer coisa para encontrar um remédio não prejudicial que pudesse lhe proporcionar algum alívio, mas sempre com sucesso limitado. Ainda assim, foram essas coisas que lhe deram quatro anos no santuário, quando inicialmente pensamos que ela não duraria nem um”.

A morte de Lady deixa uma profunda tristeza entre os cuidados que trabalham ao lado dela nesses últimos anos, mas a certeza de que, pelo menos durante este período, ela recebeu respeito e consideração.

“Sua força e determinação e sua necessidade de conexão emocional com seus tratadores fizeram dela uma grande professora para todos nós. Ela sempre parecia saber o que queria e parecia a todos nós que ela estava pronta para se libertar da dor com a qual conviveu por tanto tempo. Ela era diferente de qualquer elefante que já encontramos e não esperamos ver outro como ela em nossa vida”, escreveram eles sobre Lady.

Morre Lady, que viveu 40 anos em circo, mas ganhou amor e dignidade no Santuário dos Elefantes Brasil

Lady adorava água e colocar feno na cabeça
Foto: reprodução Facebook Santuário de Elefantes Brasil

O Santuário de Elefantes Brasil é o sexto do mundo e primeiro da América Latina. É fruto da parceria de duas organizações internacionais – a Global Sanctuary for Elephants (GSE), do Tenessee, nos Estados Unidos, e a ElephantVoices – ambas dirigidas por renomados especialistas.

A iniciativa se deve também à paixão por elefantes de uma brasileira, Junia Machado. Ela representa a ElephantVoices no Brasil e para tocar o projeto se uniu à Scott Blaiss – que tem mais de 20 anos de experiência no manejo de elefantes africanos e asiáticos em zoos, circos e em santuários, e é o fundador da GSE.

O santuário não é aberto ao público, pois não é um zoológico. Ele tem como única missão proteger, resgatar e prover um ambiente natural e seguro para elefantes em cativeiro.

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Foto de abertura: reprodução Facebook Santuário de Elefantes Brasil

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Rosangela Aparecida Silva
Rosangela Aparecida Silva
1 ano atrás

Eu como amo demais os animais, penso que o santuário proporcionou a Lady, que pelo que contam, deve ter sonhado a vida inteira com a liberdade, foi tão presa que nunca deve ter se sentido livre, agora ela vai poder saber o que tem atrás da cada monte.
Como humana e egoísta de sentimentos, estou triste, mesmo sabendo que este anjo conseguiu voar.
O trabalho continua, a luta continua e espero que apesar de todos os desafios, o santuário consiga que muitas Ladies tenham ao menos um pouquinho de respeito e possam viver com dignidade. Amo vcs.

Maria jose Domingues
Maria jose Domingues
1 ano atrás

Ela nunca vai saber o que tem através do monte,tanto a pessoa como o animal quando morrem deixam de existir,eles voltam ao pó,pois foi do pó que vieram,pessoas podem ter esperança da vida eterna, mesmo voltando ao pó,seu espírito volta a mão de Deus,mas o animal não,morreu e acabou de vez,não há esperança de ressurreição para os animais,cuidem bem deles enquanto estão vivos

Clóvis Steiner
Clóvis Steiner
1 ano atrás

Lady, obrigado por seus ensinamentos. Desculpememos nós humanos, com a falta de respeito aos animais e a natureza!

Jucinei
Jucinei
1 ano atrás

Descanse querida Lady!!! Vc merece estar a caminho do céu!!! Que lindo e precioso trabalho vcs fazem pelos animais livrando os das selvageria dos ditos humanos

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