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Máscara, flecha e a pesca dos indígenas nas águas claras da Amazônia

Máscara, flecha e a pesca dos indígenas nas águas claras da Amazônia

“O rio Buriti pra nós é vida, saúde, porque é do rio que nós vivemos”, conta o cacique Geraldo Terena.

O tal rio é uma correnteza límpida que sai do Mato Grosso rumo ao Juruena (sobre o qual já falamos, aqui), banhando a maior floresta tropical do mundo. Integra uma bacia hidrográfica ado tamanho da França, que representa vida para quase 800 espécies de aves, 500 de peixes, 250 de mamíferos.

Deixar a água correr, conservar rio, peixe, mata e gente, é desejo e necessidade para os povos das etnias Terena, Manoki, Pareci e Nambikwara que têm, no veio d´água, lar e sustento.

Máscara, flecha e a pesca dos indígenas nas águas claras da Amazônia

Equipados com a vontade de pescar, os indígenas entram nas águas sem vara, isca ou molinete. Levam máscara de mergulho no rosto e lanças nas mãos. A técnica única e singular tem jeito de caça. Exige fôlego, destreza e um equipamento nascido da necessidade, como seu Geraldo adora contar…

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“Quando a gente começou a fazer as máscaras, usávamos cabaças. Colávamos o vidro com cera de abelha, mas com a pressão da água ele se soltava. Com o tempo, passamos a fazer assim: um buraco na borracha da câmara de pneu, esticamos bem e encaixamos o vidro.

A flecha, no passado, era lançada pelo arco. Com o tempo, os indígenas pescadores apuraram as ferramentas. Hoje, usam uma borracha, quase um estilingue, para atirar as flechas na água. Eles mergulham fundo no curso cristalino e apressado e, ali, um outro mundo se descortina.

Máscara, flecha e a pesca dos indígenas nas águas claras da Amazônia

Cardumes coloridos deslizam sob as águas. Por ética e sustentabilidade, capturam somente os maiores. E não demora pra saírem de mãos cheias da pesca com ares de ritual.

As mesmas águas com potencial para matar a fome têm ainda a capacidade de gerar energia. Existem projetos de cerca de 15 usinas hidrelétricas na área. Outras ameaças para gente e bicho são perigos que os olhos não veem.

“Está vindo muito agrotóxico das lavouras de algodão e soja. O veneno cai no rio. Acaba com peixes, como já está acabando. Na época da chuva, a água fica barrenta. Tudo erosão da lavoura, da onde vem veneno e afasta os peixes”, explica o cacique.

Cuidar da floresta, pra ele, é manter não só os buritizais que margeiam o rio. Mas também os pássaros, os peixes, as águas claras e a pesca do povo Terena, que só existe ali e em nenhum outro canto de mundo.

Máscara, flecha e a pesca dos indígenas nas águas claras da Amazônia

Agora, assista ao documentário de 2018 sobre as técnicas tradicionais de pesca com mergulho dos povos da bacia do Rio Juruena, no Mato Grosso:

Fotos: Adriano Gambarini

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