Que imagem mais triste. E que realidade revoltante. A fisioterapeuta Flavia Biondi estava caminhando pela Estrada do Joá, no Rio de Janeiro, na quarta-feira (01/05), quando viu um clarão de azul intenso. Era um choque na rede elétrica. “Achei que fosse algo de mal contato. E que talvez ficássemos sem luz. Antes fosse… Vi um animal despencando, em queda livre até o asfalto duro. Atravessei a rua e corri para ver, era um bicho preguiça lindo ainda com vida“, contou ela em suas redes sociais.
Infelizmente, logo Flavia percebeu que o animal estava gravemente ferido.
“Um cheiro de queimado enlouquecedor foi o que mais me impressionou. Seu corpo estava terrivelmente quente e duas de suas patas com os ossos expostos. Seu olhar era de ajuda, de súplica… Pela vida, por respeito e por cuidado”, escreveu a fisioterapeuta.
Rapidamente Flavia colocou a preguiça em seu carro e foi em direção ao Instituto Vida Livre, que faz o resgate e tratamento de animais no Rio. Mas ao chegar lá, com o animal no colo, ela já estava sem vida (veja o vídeo emocionante mais abaixo).
O bicho-preguiça é mais uma das dezenas de vítimas dos choques na rede elétrica da companhia Light. Só o Vida Livre já recebeu mais de mais de 30 animais eletrocutados: gambás, ouriços, preguiças, corujas e até, jiboias. A maioria deles não resistiu e morreu. Outros tiveram membros amputados, como os macacos-pregos Marcelinho e Marcelinha – ele perdeu os dois braços; ela, um.
Desde 2022 o Vida Livre tenta dialogar com a Light para colocá-la a par de sua responsabilidade sobre os impactos que causa na fauna, além de obter suporte para cuidar dos animais que chegam à sua sede e propor caminhos possíveis para a prevenção de novos acidentes. Infelizmente, até agora, não houve sucesso nessa conversa.
“Você teria um fio de alta tensão letal dentro da sua casa? Ou na sala encostadinho no sofá? Ou talvez em cima do seu fogão? Ou melhor, ao lado da sua cama? Por que então os animais silvestres da cidade do Rio de Janeiro são obrigados a conviver assim, com o perigo letal emaranhado entre as árvores onde habitam?”, desabafou Flavia. “Quanto descaso existe numa cidade, num país que apesar de ter as matas representadas em sua bandeira, não se importa DE VERDADE com os animais que a habitam?! Como que a LIGHT mantém fios expostos de alta tensão matando bichos a todo momento? É só olharmos para cima. Ninguém vê? Ninguém liga? O descaso não é só das autoridades, mas também de cada cidadão”.
E a fisioterapeuta continua.
“Num país onde queremos igualdade entre as pessoas, por que não pensamos em igualdade de direitos dos animais também? Por que queremos preservar a nossa espécie a todo custo e não cuidamos daquelas que estão ao nosso redor? A vida em si é mais importante. Toda forma de vida vale a pena ser vivida. Hoje assiti a um eletrocutamento de um bicho preguiça bem na minha frente. Uma cena que jamais esquecerei”.
O Vida Livre também insistiu na necessidade uma ação urgente para impedir que mais casos como esse aconteçam.
“É urgente que o Rio de Janeiro atente para o privilégio e responsabilidade de ainda ser uma das cidades mais biodiversas do mundo. Uma cidade mais gentil e respeitosa para bichos e florestas, é una cidade mais gentil e respeitosa para pessoas”, ressaltou.
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Foto de abertura: reprodução Instagram Flavia Biondi
