Marcelinho chegou ao Instituto Vida Livre (IVL), no Rio de Janeiro, em 2022; Marcelinha, em fevereiro de 2023. Os dois macacos-pregos foram vítimas da rede elétrica da Light: ele perdeu os dois braços; ela, um.
Depois de longo tratamento para sua recuperação, de forma a garantir menos sofrimento, minimizando o estresse e oferecendo conforto físico e psicológico, além de muito amor, os jovens macaquinhos se recuperaram muito bem, mas foram condenados a viver em cativeiro.
A partir daí, o trabalho dos veterinários focou em sua preparação para viverem em ambiente natural, mas controlado.
Para tornar essa limitação menos estressante, em junho de 2023 eles foram apresentados (colocados na mesma gaiola – foi emocionante como contamos aqui) para que pudessem se conhecer e, quem sabe, se fazer companhia. Deu certo! Felizmente, eles se adoraram e se acolheram, de cara, e, desde então, passaram a compartilhar o mesmo espaço no instituto.
E assim se iniciou a nova fase que antecederia a vida num santuário – ainda não havia um local em vista -, onde poderiam viver com mais dignidade e acessibilidade, “o que é muito mais saudável para macacos que são animais que vivem em bando”, comentou na ocasião Roched Seba, diretor e fundador do Instituto Vida Livre.
Ontem, finalmente, Marcelinho e Marcelinha foram levados a seu novo lar pela equipe do instituto, Roched e uma das madrinhas da instituição: a atriz Gloria Pires.
Apoiadora do IVL, desde que conheceu os macaquinhos ela revelou grande preocupação com seu futuro. Não demorou muito para que decidisse recebê-los num recinto que foi preparado exclusivamente para eles, mas que terá outros desdobramentos. Explico mais adiante.
“Sejam bem-vindos Marcelinho e Marcelinha em sua nova casa”, disse ela assim que Roched abriu a portinha da caixa de transporte na qual viajaram e eles logo saíram curiosos, desbravando o local. Assista ao vídeo que reproduzo no final deste post.
“Suas resiliências transformaram as deficiências em encontro e amor e os dois acolheram um ao outro”, contou o instituto no Instagram. “Para nós, outro desafio: o destino seguro de foi macacos mutilados. Foi quando chegou a nossa Gloria Pires, que é empenho e amor em tudo que faz, propondo criar um espaço para eles: nosso primeiro Mantenedor de Fauna (termo técnico para santuário) para animais que não podem ser soltos, a ser realizado junto ao Instituto Estadual do Meio Ambiente do Rio de Janeiro (INEA/RJ)“.
No post que apresenta a chegada de Marcelinho e Marcelinha à nova casa, o instituto destaca ainda o fato de os dois macaquinhos terem se tornado símbolo de uma causa importantíssima: a luta contra a ameaça da distribuição elétrica sobre a fauna silvestre na cidade. E lembrou de Projetos de Lei que aguardam votação no Congresso Nacional.
“Recebemos o inestimável apoio do deputado federal Marcelo Queiroz, com o apoio de Bernardo Egas (ex-secretário do meio ambiente do RJ) e criamos dois Projetos de Lei: PL 4278/2923, que altera a lei de crimes ambientais, e PL 564/2023, que obriga as concessionárias a se responsabilizarem pelo impacto sobre os animais”.
Estes são dois importantes projetos que, enquanto não forem votados, estão em consulta pública no site da Câmara dos Deputados. Acesse os links dos PLs, acima, e vote. CONCORDO TOTALMENTE. Em seguida, pressione os parlamentares para que aprovem logo esses projetos que salvarão vidas.
No mesmo texto, o Instituto Vida Livre ainda reforça outra questão muito importante: “Marcelinho e Marcelinha não são pets! Continuam sendo animais silvestres da União, que vivem em local técnico autorizado pelos órgãos públicos responsáveis, onde terão toda a vida digna que lhes foi roubada”.
Agora, assista à chegada dos dois dois a seu novo lar:
Fotos: reproduções de vídeo