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Quase um milhão de pessoas assinam petição contra primeira fazenda do mundo de polvos: animais serão congelados vivos

Mais de meio milhão de pessoas assinam petição contra primeira fazenda do mundo de polvos: animais serão congelados vivos

Em fevereiro do ano passado escrevi sobre esse mesmo assunto: a notícia sobre a a possível abertura da primeira fazenda no mundo para a produção, em cativeiro, de polvos. O plano é da multinacional espanhola Nueva Pescanova, que pretende inaugurar o negócio nas Ilhas Canárias, na Europa, com um investimento de 65 milhões de euros.

Na época, biólogos e organizações não-governamentais vieram a público criticar o empreendimento. Segundo especialistas, polvos não são criaturas que vivem bem em cativeiro e nesses ambientes, podem se tornar agressivas e se auto-mutilar.

Quando jovens esses animais também preferem se alimentar de presas vivas. Já houve tentativas anteriores, por outras companhias, para a produção em tanques, mas resultaram em alta mortalidade e atos de canibalismo.

De acordo com a Avaaz, a proposta da fazenda foi entregue às autoridades locais. As Ilhas Canárias são um arquipélago que pertence à Espanha, situado na costa noroeste da África.

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Caso o projeto seja aprovado, a Nueva Pescanova criaria anualmente um milhão de polvos em pequenos aquários, “para então matá-los dolorosamente, congelando-os vivos para abastecer o mercado alimentício”.

A companhia alega que o cultivo de polvos em tanques aliviaria a pressão sobre a pesca da espécie nos oceanos. Mas na verdade ela está de olho num segmento de mercado de cerca de U$ 2,72 bilhões por ano. O objetivo é comercializar 3 mil toneladas de carne de polvo até 2026, para atender a demanda de países como Itália, Japão, Coreia e a própria Espanha.

Assine a petição contra a fazenda de polvos

Uma petição online promovida pela Avaaz já tem, até este momento, quase 1 milhão de assinaturas de pessoas do mundo todo que são contra a abertura do negócio. Você também pode participar do protesto digital neste link.

Já há uma série de evidências científicas que comprovam a senciência dos polvos, ou seja, que eles são capazes de sentir emoções, como dor, prazer, fome, sede ou alegria. Tal fato foi reconhecido inclusive, em 2021, pelo governo do Reino Unido. A constatação foi feita após um grupo de pesquisadores da London School of Economics and Political Science (LSE) fazer uma análise, baseada em mais de 300 pesquisas e artigos científicos. A conclusão foi de que os cefalópodes, como os polvos, e também decápodes, como caranguejos, lagostas e lagostins, são sencientes.

Diversos artigos internacionais já relatavam como os polvos são seres extraordinários. Uma pesquisa realizada por cientistas brasileiros, por exemplo, comprovou que eles apresentam duas fases de sono, de maneira muito similar aos seres humanos. E o mais intrigante é que em uma delas, esses animais mudam de cor.

Outro estudo conduzido por um neurobiólogo da San Francisco State University, nos Estados Unidos, tinha revelado que os polvos sentem dor não apenas física, mas “comportamentos cognitivos e espontâneos indicativos de experiência de dor afetiva (saiba mais neste outro texto).

*Texto alterado em 07/09/23 para atualizar o número de assinaturas na petição online.

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Foto de abertura: Maciej Gerszewski on Unsplash

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