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Ipês floridos para Liana John

Ipês floridos para Liana John

Um país com nome de árvore, único do mundo. Mas a árvore que nomeia o país não é a mais popular por aqui. Difícil competir com a majestade dos ipês.

A exuberância dessas espécies da família Bignoniaceae chama atenção colorindo troncos de amarelo, roxo, rosa e branco em céus sem nuvens de inverno e início de primavera, em todas as regiões do Brasil.

Essa beleza pode ficar cada vez mais escassa, pois o governo brasileiro retirou o ipê da lista internacional de proteção de espécies ameaçadas.

Por causa da crescente exploração e venda ilegal, essas árvores estavam em uma lista de espécies ameaçadas da Convenção Sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem, mas em agosto de 2019, o governo brasileiro pediu para que a convenção retirasse a espécie da lista, apesar dos alertas de técnicos para preservar o ipê.

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Enquanto tantos no exterior cobiçam sua madeira nobre, Liana John admirava suas floradas.

Fosse na Mata Atlântica, no Cerrado, no Pantanal, onde quer que ela encontrasse um ipê florido seus olhos era imediatamente capturados por aquela profusão de flores.

Ipês floridos para Liana John
Foto: Álbum de Família

A natureza tinha poder sobre ela. E em sua infinita capacidade de respeitar a vida no outro ela dedicou a própria vida a defender o meio ambiente.

Foi uma das primeiras jornalistas do país a dar voz às causas ambientais.

Passou por importantes veículos como National Geographic Brasil, Horizonte Geográfico, Veja, Planeta Sustentável, Conexão Planeta, Rádio Eldorado e Revista Pantanal, mas fazia da valorização da natureza caminho e meta.

Da flor de maracujá, no quintal de casa, às sequoias gigantescas na Califórnia; do menor cogumelo da Amazônia à maior montanha da Austrália, do ouriço no muro à anta na mata, Liana amava tudo e reconhecia a grandeza de tudo.

Desejava um mundo mais verde e mais justo não só para si, para seus quatro filhos e o neto Nico, mas para todos os seres.

Reconhecida no Brasil e no exterior escreveu mais de dez livros sobre meio ambiente, ciência, agricultura, por quatro décadas.

Recebeu cinco vezes o Prêmio de Reportagem sobre Biodiversidade da Mata Atlântica. Foi vencedora do Biodiversity Reporting Award, Latin American Category (2009), da Conservation International; do Prêmio Embrapa de Reportagem e do Prêmio HSBC de Imprensa e Sustentabilidade.

Liana contava histórias como poucos e inspirou muitas pessoas. Eternizava jornadas heroicas daqueles que trabalham para fazer desse um planeta mais vivo, sustentável e melhor. A jornalista partiu depois de seis anos de luta contra um câncer de pâncreas.

Tanta gente passa a vida inteira sem ver o outro, Liana fez da própria história um reconhecimento da história alheia, de pessoas, bichos, árvores. Muitas vezes Adriano Gambarini e eu tivemos a honra de estar com ela, ouvir seus relatos, testemunhar sua gentileza, admirar a sensibilidade com que observava o mundo e registrava a vida.

Liana escrevia porque palavras plantam sementes, e ela permanece viva em cada uma delas. Para Liana, os ipês se põem em flor.

Foto (destaque): Adriano Gambarini

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