Todos os anos, acompanho com interesse e atenção as atividades do Fórum Social Mundial (FSM), mesmo que à distância. Ali se reúnem pessoas que pensam e atuam no mundo de modo diverso ao que somos condicionados a fazer. Alternativas, outras formas de produzir, de pensar a economia, a produção, o consumo, as pessoas, enfim, o mundo.
A edição 2018 do FSM, que acontecerá de 13 a 17 de março em Salvador, na Bahia, está com inscrições abertas até fevereiro para participação e proposição de atividades. A programação não está totalmente definida, mas o que já foi divulgado dá uma boa ideia do que vem por aí.
Há formações sobre economia solidária na cultura e educação, cooperativismo e associativismo cultural transformando vidas, seminário sobre sistema de acesso à água pluvial multiuso para consumo das comunidades extrativistas. Bancos comunitários, resistência nas redes, participação das mulheres na política e na tomada de decisões, o papel das mulheres do Hip Hop na luta pela resistência, o protagonismo das mulheres na economia solidária, entre muitos outros temas.
Além de seminários, plenárias, oficinas, conferências e atividades culturais, o evento promoverá marchas e atos pela cidade, mobilizando redes solidárias de acolhida, participantes e, também, a comunidade acadêmica. A Universidade Federal da Bahia será o território principal do Fórum, mas as atividades se espalharão por espaços públicos, culturais e periferias da cidade.
Entre os eixos temáticos do FSM 2018 estão: ancestralidade, terra e territorialidade; comunicação, tecnologias e mídias livres; culturas de resistência; democracia da economia; desenvolvimento, justiça social e ambiental; direito à cidade; direitos humanos; educação e ciência para emancipação e soberania dos povos; feminismos e luta das mulheres; diversidade de gênero; lutas anticoloniais; migrações; mundo do trabalho; povos indígenas; Vidas Negras Importam; paz e solidariedade.
Histórico
O Fórum Social Mundial nasceu em 2001, realizado por organizações e movimentos sociais a partir de uma proposta e mobilização em Porto Alegre, como uma contraposição ao neoliberalismo representado pelo Fórum Econômico Mundial, que ocorria ao mesmo tempo em Davos, na Suíça.
Com a realização das quatro primeiras edições em Porto Alegre, o FSM percorreu o mundo em encontros em Mumbai, Caracas, Karashi, Bamako, Nairobi, Belém, Dacar, Tunis e Montreal, além de promover várias edições temáticas, regionais e continentais.
Desde então, vimos avanços e retrocessos na valorização da diversidade. As lutas dos movimentos reunidos no Fórum Social Mundial impulsionaram mudanças e apontaram caminhos, que hoje encontram-se novamente ameaçados por uma onda de conservadorismo.
Na América Latina em especial, foram possíveis experiências mais democráticas, com a ascensão de forças populares, indígenas e trabalhadores/as, ou mais progressistas, aos governos. Contra as quais, claro, também se organizaram forças conservadoras.
O tema do FSM 2018 é Resistir é criar, Resistir é transformar! Esse encontro é como um recarregar de baterias, de forças, para resistir a essa onda de retrocessos dos direitos humanos.
Acesse o site do FSM 2018 para saber mais sobre a programação e fazer sua inscrição.
Para conhecer um pouco mais o espírito do FSM, recomendo a leitura de sua Carta de Princípios.
Ah, essa foto que ilustra este post foi enviada pela Justa Trama, cooperativa sobre a qual já falei aqui, que está fazendo as camisetas para o Fórum Social Mundial.