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Dois meses após soltura na natureza, o lobo-guará Canelinha já desbravou mais de 680 km

Dois meses após soltura na natureza, o lobo-guará Canelinha já desbravou mais de 680 km

Desde o começo do ano acompanhamos a história do Canelinha aqui no Conexão Planeta. Esse macho de lobo-guará foi salvo de um incêndio em 2021, com apenas três meses de vida, nas proximidades de Mococa, interior de São Paulo, por um morador da zona rural. Foi então levado para o Mantenedor de Porto Feliz, do Instituto Libio, onde recebeu cuidados de biólogos e veterinários da organização e do Instituto Pró-Carnívoros.

Com o passar do tempo, Canelinha começou a ser preparado para voltar à vida livre. E em maio, finalmente, chegou o grande momento: após dois anos de reabilitação em projeto pioneiro de conservação, ele foi solto na natureza.

Desde que ganhou a liberdade, há dois meses, o animal está sendo monitorado pela equipe do Projeto Sou Amigo do Lobopor meio de coleira GPS e monitor cardíaco. O objetivo dos pesquisadores é compreender como está se processando sua adaptação e, assim, garantir que ele adquira os hábitos dos lobos que vivem livres na região. 

Recentemente foram divulgadas notícias de Canelinha. E muito boas!

“Nesses 60 dias esse lobo desbravador caminhou pouco mais de 680 km. As análises mostraram que nos primeiros dez dias ele andou em média de 15 km diários e, depois, tem mantido uma média de 16 km/dia de deslocamento. Nesse período ele explorou uma área aproximada de 135 km2. Pastagens, cafezais, milharais e vários canaviais, onde ele tem se refugiado dos perigos que fazem parte da paisagem que ele tem visitado”, contou numa postagem o Sou Amigo do Lobo nas redes sociais.

Dois meses após soltura na natureza, o lobo-guará Canelinha já desbravou mais de 680 km

O mapa acima mostra, em amarelo, as áreas de deslocamento de Canelinha. No ponto em verde, no canto direito acima, o local de sua soltura
(Imagem: Projeto Sou Amigo do Lobo)

Ainda segundo a equipe do projeto, ainda é muito cedo para dizer se Canelinha permanecerá nesse território, mas ele tem se mantido nessa área de aproximadamente 40 km2 nos últimos 45 dias. Todavia, há uma preocupação com uma estrada intermunicipal que ele tem cruzado com frequência, sobretudo de madrugada, quando está mais ativo.

Com um comportamento adequado para um indivíduo de sua espécie, tem apresentado um bom deslocamento atual, intervalos de descanso e período de inatividade x atividade normais.

“Proprietários rurais vem sendo avisados de sua presença e gostam da notícia. Continuamos torcendo para que sua caminhada seja tranquila. Seguimos acompanhando a saga desse lobo tão especial para todos nós e vamos compartilhando à medida que tivermos novidades”, escreveu o Lobos do Pardo.

A expectativa é que a reintrodução de Canelinha possa servir de modelo para a elaboração de um protocolo nacional para a soltura da espécie.

O lobo-guará

Espécie típica do Cerrado brasileiro, o Chrysocyon brachyurus é o maior canídeo selvagem da América do Sul. Infelizmente, ele está em risco de extinção, devido principalmente à destruição de seu habitat pelo desmatamento.

O nome guará vem da língua indígena e significa “vermelho”. Com aproximadamente 90 cm de altura, pesa, em média, 23 kg. De hábitos solitários, macho e fêmea se encontram somente para reproduzir e cuidar dos filhotes.

O lobo-guará é um animal de atividade noturna, que tem o olfato extremamente sensível e orelhas longas, que conferem a ele uma excelente capacidade auditiva também. Pode detectar suas presas a uma grande distância. Suas pernas longas facilitam a locomoção.

Assim como outras espécies, usa sua urina e fezes para demarcar território. Apesar de carnívoro, o lobo-guará gosta muito de frutas. Uma inclusive, leva seu nome: a fruta-do-lobo.

Dois meses após soltura na natureza, o lobo-guará Canelinha já desbravou mais de 680 km

Canelinha, antes da soltura
(Foto: Rogério Cunha/ICMBio)

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Foto de abertura: Rogério Cunha/ICMBio

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