O biólogo Gilberto Pozo estava monitorando uma pequena área de floresta na região de Cunduacán, no sul do México, quando de repente dois macacos caíram no chão mortos. Era início de maio e desde então a cena trágica tem se repetido mais e mais. Até a última quarta-feira (22/05), já foram encontrados sem vida 147 bugios-mexicanos (Alouatta palliata mexicana), uma subespécie considerada ameaçada de extinção.
Pozo trabalha com a organização Conservación de la Biodiversidad del Usumacinta (Cobius), que está coletando os corpos dos bugios mortos para a realização de autópsias e fazendo o resgate daqueles ainda vivos e debilitados ou então, filhotes órfãos, que perderam os pais. Em clínicas especializadas eles recebem hidratação adequada e tratamento. Alguns sofreram queimaduras.
Em várias partes dos estados de Tabasco e Chiapas, moradores que vivem próximos de florestas relatam o registro de mais animais mortos. O sul do México vem enfrentando condições extremas de calor. No dia 9 de maio, em nove cidades os termômetros bateram os 47oC.
Biólogos não descartam a hipótese de alguma doença, mas a necropsia feita em um dos bugios mortos não identificou nenhum vírus, relacionado à gripe aviária ou covid-19.
“Os animais estão nos enviando um alerta, porque são sentinelas do ecossistema”, alerta Pozo. “Se eles não estão bem, é porque algo está acontecendo.”
As temperaturas quentíssimas ajudam a propagar incêndios florestais, muitos causados por queimadas iniciadas por produtores rurais para limpar o pasto, e que acabam ficando fora de controle. Pozo cita ainda o desmatamento, que deixa os bugios sem abrigo, alimentos e água.
“(As mortes) estão nos dizendo algo a respeito da mudança climática“, disse o biólogo mexicano à Associated Press.
“Diante destas condições de aquecimento global!! Chega de queimar!!! Chega de desmatamento!!!”, pede a equipe da Cobius.
Em 2016 uma mortalidade similar aconteceu com bugios na Nicarágua, ano em que o país também sofreu com calor extremo e umidade baixa. Na época, 280 macacos morreram em apenas três meses.
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Foto de abertura: El Instituto de Protección Civil del Estado de Tabasco (IPCET)
