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Biólogos criticam abertura da primeira fazenda no mundo para a criação de polvos

Biólogos criticam abertura da primeira fazenda no mundo para a criação de polvos

No final do ano passado, o governo do Reino Unido reconheceu que os polvos são seres sencientes, ou seja, são capazes de terem sentimentos, como dor, prazer, fome, sede ou alegria. A constatação foi feita após um grupo de pesquisadores da London School of Economics and Political Science (LSE) fazer uma análise, baseada em mais de 300 pesquisas e artigos científicos. A conclusão foi de que os cefalópodes, como os polvos, e também decápodes, como caranguejos, lagostas e lagostins, são sencientes.

Diversos artigos internacionais já relatavam como os polvos são seres extraordinários. Uma pesquisa realizada por cientistas brasileiros, por exemplo, comprovou que eles apresentam duas fases de sono, de maneira muito similar aos seres humanos. E o mais intrigante é que em uma delas, esses animais mudam de cor.

Outro estudo conduzido por um neurobiólogo da San Francisco State University, nos Estados Unidos, tinha revelado que os polvos sentem dor não apenas física, mas “comportamentos cognitivos e espontâneos indicativos de experiência de dor afetiva (saiba mais neste outro texto).

Diante de tantas evidências científicas, pesquisadores criticam a possível abertura da primeira fazenda no mundo para a produção, em cativeiro, de polvos. O plano é da multinacional espanhola Nueva Pescanova, que pretende inaugurar o negócio no ano que vem, nas Ilhas Canárias. O investimento é de 65 milhões de euros.

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A companhia alega que o cultivo de polvos em tanques aliviaria a pressão sobre a pesca da espécie nos oceanos. Mas na verdade ela está de olho num segmento de mercado de cerca de U$ 2,72 bilhões por ano. O objetivo da empresa é comercializar 3 mil toneladas de carne de polvo até 2026, para atender a demanda de países como Itália, Japão, Coreia e a própria Espanha.

Todavia, biólogos criticam o empreendimento, denunciando a falta de ética. Polvos não são criaturas que vivem bem em cativeiro e nesses ambientes, podem se tornar agressivas e se auto-mutilar. Quando jovens preferem se alimentar de presas vivas.

Já houve tentativas anteriores, por outras companhias, para a produção em tanques desses animais, mas resultaram em alta mortalidade e atos de canibalismo.

“Os polvos são extremamente inteligentes e extremamente curiosos. E é sabido que eles não ficam felizes em condições de cativeiro. Qualquer operação agrícola visando uma alta qualidade de vida, reproduzindo o habitat natural da espécie, que vive solitária no fundo do mar, provavelmente seria muito cara para ser lucrativa”, disse Raul Garcia, dO WWF-Espanha, à Reuters.

O início das operações da fazenda de polvos da Nueva Pescanova ainda depende de aprovação das autoridades locais da área ambiental.

Estima-se que atualmente metade dos frutos-do-mar consumidos globalmente sejam originários de fazendas. De acordo com o WWF, 1/3 da pesca global tem como destino a alimentação de outros animais, o que acaba sendo um contrassenso.

Já aconteceram vários protestos contra a instalação da fazenda de polvos na ilha de Gran Canaria. E há uma uma petição online, promovida pela organização internacional PETA, que você também pode assinar neste link.

Biólogos criticam abertura da primeira fazenda no mundo para a criação de polvos

“Não à fazenda de polvos”

*Com informações do site Science Alert e Agência de Notícias Reuters

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Fotos: domínio público/pixabay e divulgação PETA/PACMA (protesto)

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Sandra
Sandra
3 anos atrás

Ah, estes humanos comedores de bichos e de pedaços cadaverizados deles, insaciáveis em suas maquiavelicas abstrações, sempre visando o sofrimento de outras espécies, tão sagradas quanto a sua, além do lucro financeiro que disso decorra, não importa o preço caro a pagar com as vidas destes pobres sencientes. Ao invés de incentivar a agricultura, o plantio sem agrotóxicos, a comercialização dos frutos da terra, cuja variedade infinita ja se constituem no cardápio vegano sem crueldade e sem exploração, porque já tá de bom tamanho a milenar truculência e subjugo de uma espécie contra outras e certamente contra o Criador delas, não impunemente, claro.

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