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Após captura, cobra coral-verdadeira regurgita cobra d’água, que acabara de ingerir; registro raro viraliza nas redes sociais

Este fenômeno é muito comum. Cobras corais-verdadeiras se alimentam de outras cobras, principalmente cobras d’água e dormideiras, mas também filhotes de jararaca, que podem ser do seu tamanho. E precisam de um tempo para digeri-las porque ficam pesadas e mais lentas.

No entanto, se enfrentam qualquer perigo, procuram se livrar da presa rapidamente para ficarem mais leves e ganharem agilidade para fugir. 

E foi esse momento incrível que o biólogo Gilberto Duwe registrou em Jaraguá do Sul, norte de Santa Catarina, em janeiro deste ano.

“Logo que consegui capturá-la, percebi que tinha algo saindo de sua boca e identifiquei a ponta de uma cobra. Assim que comecei a gravar, ela começou a regurgitar a cobra. Foi muita sorte!”, declara ele, que trabalha há 12 anos na Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente, a Fujama, órgão ambiental do município.

Neste momento, a cobra coral de 80 cm tinha regurgitado mais da metade da cobra d’água de 70 cm aque havia ingerido / Fotos: Reprodução do vídeo de Gilberto Ademar Duwe

O registro raro ficou conhecido somente esta semana, quando Duwe publicou o vídeo em seu perfil no Instagram. Não demorou para que a história viralizasse (assista ao vídeo no final deste post).

O réptil apareceu no quintal de uma casa e logo foi avistado pelos moradores. Depois de diversas tentativas para espantá-la, a cobra escondeu-se em um buraco e eles entraram em contato com a Fujama.

“A cidade tem muita vegetação, então é muito comum o aparecimento de animais silvestres nas ruas e nas casas”, conta o biólogo. “50% desses animais são serpentes e, dessas, 70% não são peçonhentas, ou seja, não têm veneno, mas as pessoas têm muito medo de cobra!”.

Duwe conta que, antes do trabalho de conscientização ambiental realizado pela Fujama na cidade, todos matavam as cobras que encontravam. 

“Quando entenderam a importância desses animais para o equilíbrio da natureza, passaram a afugentá-las para que voltem para seu habitat, ou chamam a gente”. E acrescentou:

“E quando fazemos um resgate como este, não pegamos o bicho e levamos embora. Conversamos com os moradores: agradecemos o contato e enfatizamos porque é imprescindível preservar esses animais. A gente fala sobre o bicho, aí um vizinho passa na rua e ouve também, e assim a conscientização aumenta”. E completou:

“A gente costuma dizer que nada melhor do que conhecer para conservar”. 

Além das serpentes, lagartos e gambás estão entre os animais que mais “dão trabalho” aos biólogos da Fujama. Mas gatos-do-mato e cervos também já ‘invadiram’ casas na região. “Outro dia resgatamos um filhote de macaco-prego!”. 

Cobras para o Butantã

Capturados, os animais seguem com os biólogos para a sede da Fujama para que seja feita sua avaliação física. Caso estejam saudáveis, são devolvidos à natureza. 

Se necessário, o animal é encaminhado para o CRAS – Centro de Reabilitação de Animais Silvestres de Florianópolis. “Mas só em último caso porque o centro fica muito longe”. 

No entanto, há cerca de dois anos, as serpentes têm outro destino. A coral-verdadeira capturada em janeiro, por exemplo, foi levada para a sede do órgão ambiental – onde ainda permanece -, junto com a cobra d’água que foi colocada no freezer para ser estudada. 

“A intenção é fazer uma publicação cientifica com dados da cobra que a coral matou, engoliu, mas não comeu”, conta Duwe.

Já a cobra predadora, devido ao seu tamanho, será levada Instituto Butantã, com o qual a Fujama tem parceria, mas ainda aguarda liberação do Ibama e autorização da companhia aérea. “Neste momento, são duas as corais que serão enviadas para lá”. E o biólogo explica:

“Temos 30 espécies de corais no Brasil. No ano passado, apareceram cerca de 20 corais na região! A espécie Micrurus corallinus é a mais comum nas capturas e também uma das mais venenosas. E o instituto precisa produzir soro antiofídico para curar as pessoas que são picadas por elas”.

Duwe conta que acidentes com corais-verdadeiras são menos frequentes porque, apesar de ser uma das cobras mais venenosas, elas não “dão o bote” como as jararacas. 

“Têm a boca pequena e os dentes pequenos, por isso, só picam quem as pega na mão ou pisa nelas. O mais comum é ter acidente de coral com crianças porque elas são curiosas e o colorido dessa espécie as atrai”. 

As capturas de um jeito pop

Foto: reprodução do Instagram

Quem vê Gilberto Duwe em seu Instagram, tão à vontade com as serpentes que resgata, não imagina que o biólogo morria de medo de cobra quando mais jovem. E, que, quando saiu da faculdade, era apaixonado por aves. 

Foi o trabalho desenvolvido na Fujama que alterou sua percepção sobre esses répteis. A cada captura, foi perdendo o medo e conhecendo melhor cada espécie. E ficando mais encantado por elas.

“Percebi que não era como eu imaginava. Vi que as dormideiras, por exemplo, são totalmente inofensivas, não têm veneno, não representam risco, e ainda ajudam a controlar lesmas e caracóis nas hortas. Com a cobra coral foi assim, também! Tem veneno potente, mas não “dá o bote”, não é agressiva e sempre tenta fugir”. E acrescentou:

“Gosto desse grupo de animais e, por isso, me fascina ajudar a transformar o pensamento das pessoas a respeito deles. Tem gente que paralisa quando vê uma cobra coral de tanto medo! E é possível perder esse medo, como aconteceu comigo”. 

Em seu Instagram, Gilberto procura contar sobre sua rotina e os animais que resgata – entre eles, vítimas de atropelamento – de um jeito fácil de compreender para atrair a curiosidade e o interesse de seus seguidores. Vale a visita! Nessa rede social, ele é o Biólogo Giba.

Agora, assista ao registro do regurgitamento da cobra coral:

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