A Amazônia teve no mês passado o maior número de focos de queimada dos últimos 14 anos. O dado foi revelado ontem (01/07) pelos alertas de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram registrados em junho 2.308 focos de calor, o maior índice para este mês desde 2007. Em relação a maio de 2021, houve também um aumento de 98%.
Os especialistas do Inpe ressaltam que o salto na taxa é preocupante porque a temporada do fogo na Amazônia só começa em agosto, ou seja, isso significa que a região já enfrenta um período de seca e também, que as queimadas podem estar associadas ao crescimento do desmatamento. No mês passado, como mostramos aqui no Conexão Planeta, a Floresta Amazônica apresentou alta na devastação pelo quarto mês seguido.
“Estamos vivendo um momento muito triste para a floresta e seus povos. Eles estão sendo atacados por todos os lados, seja pelos desmatadores, grileiros, madeireiros e garimpeiros que avançam sobre a floresta ou territórios, seja por meio do Congresso e do Poder Executivo que, não só não combatem esses crimes e danos ambientais, como os estimulam, seja por atos ou omissões”, alerta Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil.
E não é só na Amazônia que o fogo avança. As imagens de satélite do Inpe revelam ainda que o Cerrado também teve recorde no número de focos de incêndios: foram 4.181 mil em junho, o maior índice para esse mês do ano desde 2010. Em comparação a maio, houve um aumento de 58%.
“Fogo e desmatamento andam de mãos dadas. Para combatê-los, é necessário muito empenho, ações estratégicas e repressão ao crime. Infelizmente, sabemos que o atual governo não fará nada disso. Ao contrário, Bolsonaro é hoje o principal responsável pela crescente destruição da maior floresta tropical do planeta”, afirma Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.
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Foto: Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real/Fotos Públicas