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“Se você é indígena, não lutar não é uma opção!”, diz a jovem indígena Txai Suruí em entrevista à revista Elle espanhola, após receber mais um prêmio

"Se você é indígena, não lutar não é uma opção!", diz a jovem indígena Txai Suruí em entrevista à revista Elle espanhola, após receber mais um prêmio

Em maio, a jovem líder indígena Txai Suruí, da etnia Paiter Suruí, esteve em Madri, na Espanha, para receber o Prêmio ELLE Eco 2022, promovido pela revista Elle espanhola, que homenageia pessoas e organizações que, “com suas ideias, gestos e propostas, fazem da luta pelo meio ambiente seu objetivo diário”. 

A seleção é feita com base na trajetória de ativistas que acreditam que “um outro mundo é possível, no qual o meio ambiente não seja destruído, no qual a água é respeitada e o ar que respiramos é prioridade”, define a publicação.

“São pessoas que colocam a sustentabilidade do nosso meio ambiente em primeiro lugar”. E assim é Walelasoetxeige Paiter Bandeira Suruí – nome original de Txai – escolhida pela revista por sua luta incansável em Defesa da Amazônia

Além de Txai Suruí, foram agraciadas com a premiação o Greenpeace Internacional, Marina Testino, Marcelo Vieira, Isabel Muñoz, Fernando Ojeda, Sofía Sánchez de Betak, Javier Goyeneche, Manu San Félix e Mireia Belmonte (foto abaixo). 

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"Se você é indígena, não lutar não é uma opção!", diz a jovem indígena Txai Suruí em entrevista à revista Elle espanhola, após receber mais um prêmio
Os vencedores do Elle Eco 2022 com seus prêmios: obras da artista Claribel Calderius / Foto: Divulgação

Todos receberam, como prêmio, uma obra criada com exclusividade para o Elle Eco pela artista cubana Claribel Calderius, que declarou: “As sementes que plantamos hoje serão árvores nas cabeças dos outros”. 

Capa de revista

No início deste mês, Txai está na capa da Elle espanhola, lançada especialmente no Dia Internacional dos Povos Indígenas, 9 de agosto. A edição também traz uma longa e linda entrevista com ela, ilustrada por belos retratos nos quais o exuberante cocar de penas do qual Txai não se separa – e que é símbolo de luta – também é protagonista.

“Meu povo está dividido em quatro clãs e eu pertenço aos Gamebeys, que são os guerreiros. Temos vários cocares, um para cada ocasião. O que uso é de guerra porque estou lutando pelo meu povo e pelo meu território, “, contou à revista.

"Se você é indígena, não lutar não é uma opção!", diz a jovem indígena Txai Suruí em entrevista à revista Elle espanhola, após receber mais um prêmio
Um dos retratos do ensaio realizado para a entrevista publicada na edição de agosto da Elle espanhola / Foto: Borja de La Lama/Divulgação

Prêmios e visibilidade

Txai tem sido uma voz potente em todos os lugares por onde passa. E não dispensa nenhuma oportunidade para falar da urgência de proteger os povos indígenas e seus territórios e de seu papel essencial no combate à emergência climática no mundo. 

Foi a única representante indígena e brasileira a discursar na abertura da cop26 – a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021, em Glasgow, na Escócia (foto abaixo; contamos aqui).

"Se você é indígena, não lutar não é uma opção!", diz a jovem indígena Txai Suruí em entrevista à revista Elle espanhola, após receber mais um prêmio

Participou de debates e protestos e, em seguida, viajou à Estocolmo para participar de mobilização pelo clima com a jovem ativista sueca Greta Thunberg.

Greta Thunberg e Txai Susurí, em Estocolmo, depois de participarem da Conferência do Clima, em Glasgow

Quando questionada sobre a força que a impulsiona a lutar pela Amazônia e pelos povos que representa, Txai é contundente. “Se você nasceu indígena, não lutar não é uma opção!”. 

À revista, explicou: “Imagine que você vê como sua casa é invadida, desmontada ou queimada, como sua família é ameaçada. Eu vi como um amigo foi assassinado por defender a selva. Isso não é algo que eu escolhi. Eu não podia ficar parada e vê-los destruir meu meio ambiente e deixar meu povo sofrer sem fazer nada!”.

O amigo do qual ela fala é Ari Uru-Eu-Wau-Wau, líder indígena de Rondônia assassinado em abril de 2020, durante a pandemia (em julho deste ano, a PF prendeu suspeito por sua morte). Txai contou sobre dele durante discurso na COP26 e comovou o mundo. Para tornar a luta de seu povo contra invasores e esta história triste, produziu o documentário O Território (The Territory), que tem participado de festivais internacionais e colecionado premiações.

Ari Uru-Eu-Wau-Wau, amigo de infãncia de Txai Suruí, assassinado em 2020 / Foto: Gabriel Uchida/Kanindé

Receber prêmios e discursar para plateias diversas sobre a Amazônia e as questões indígenas tornou-se rotina em sua vida. Em maio, ela e Alice Pataxó, também jovem líder indígena, venceram o prêmio Faz Diferença, que reconhece brasileiros inspiradores.  

Txai Suruí e Alice Pataxó venceram o prêmio Faz Diferença na categoria País / Fotos: Gabriel Uchida e divulgação

Em julho, foi a vez do maior festival de publicidade do mundo, o Cannes Lion, receber Txai. O curta-metragem ‘Árvore Refugiada’, encomendado pela ONG Climate Reality, concorria ao Leão de Ouro e ganhou. O filme mostra um jatobá de seis metros que viaja da Amazônia à Brasília para pedir asilo à embaixada da Noruega, com a ajuda da líder indígena Sonia Guajajara. Em 2021, a obra integrou campanha pelo Dia da Árvore e ajudou a divulgar uma petição pela proteção da floresta (contei aqui).

Agora, assista ao teaser de promoção da capa da Elle com a bela Txai e também trecho de entrevista concedida à organização Observatório do Clima, ambos divulgados no Instagram:

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