Txai Suruí, jovem indígena que discursou na COP26, participa de protesto em Estocolmo, com Greta Thunberg

Txai Suruí participa de protesto, em Estocolmo, na Suécia, com Greta Thunberg

Assim que acabou a 26ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP26, da qual participou de forma brilhante – foi a única representante do Brasil a discursar na Cúpula dos Líderes -, a jovem Walelasoetxeige Paiter Bandeira Suruí, conhecida como Txai Suruí, viajou para a Suécia para participar de encontros sobre a crise climática.

Ontem, 18/11, falou no plenário do Parlamento Europeu sobre a importância da Amazônia e dos povos indígenas no debate sobre clima. Dá pra assistir ao trecho inicial de sua fala em seu perfil no Instagram.

E, hoje, participou de um protesto em frente ao parlamento sueco, em Estocolmo, com ativistas dos movimentos Juventude Indígena de Rondônia, do qual é coordenadora, e Fridays for Future, liderado por Greta Thunberg.

Foto: Bitate Uru Eu Juma

Na verdade, o protesto remonta ao dia em que a ativista sueca faltou às aulas e sentou em frente ao mesmo parlamento, munida apenas com um cartaz (o mesmo que usou hoje) para protestar contra a inação de governos e empresas no combate ao aquecimento global.

Foi dessa greve escolar que surgiu o movimento Fridays for Future (Sextas-feiras pelo Futuro, em tradução livre) que, rapidamente, se tornou mundial, e acontece também no Brasil.

Em Glasgow, durante a COP26, Greta e seus amigos lideraram a Greve pelo Clima – sobre a qual contamos aqui -, que foi uma espécie de “esquenta” para um evento ainda maior: o Global Day of Action for Climate Justice, ou Dia Global de Ação pela Justiça Climática, sobre o qual também falamos. Txai Suruí e diversas lideranças indigenas participaram das duas manifestações.

Na foto abaixo, de autoria de Bitate Uru Eu Juma, estão as jovens guerreiras indígenas Samela Awiá (ou Sam Saterê Mawé), Txai Suruí, Célia Xakriabá e Juma Xipaia, que também falou na COP26 sobre a tragédia de Belo Monte, durante debate sobre usinas hidrelétricas.

Txai e o cacique Almir, no Roda Viva

Txai Suruí tornou-se ativista ainda muito pequena, certamente inspirada pelos pais: o cacique Almir Suruí e a indigenista Ivaneide Bandeira Cardozo, conhecida como Neidinha Suruí (publicamos uma entrevista muito bacana com ela, em outubro de 2019). Há décadas, os dois são ameaçados e perseguidos por criminosos.

Almir luta contra invasões de garimpeiros e madeireiros nas terras do povo Suruí – também contra o aliciamento de jovens de sua etnia por esses bandidos – e, durante anos, teve sua proteção garantida pelo governo federal. Quando Temer assumiu a presidência, perdeu esse suporte, mas não esmoreceu.

Este ano, o cacique foi perseguido pelo presidente da Funai, Marcelo Xavier, que nitidamente trabalha em favor dos ruralistas. Acusou o líder indígena de crime de difamação em campanha na internet, mas o inquérito aberto a seu pedido, foi arquivado pela Polícia Federal de Rondônia, logo após ouvir Almir.

Em janeiro deste ano, Almir se aliou ao cacique Raoni, a etnia Kayapó, para denunciar Bolsonaro no Tribunal Internacional de Haia por crimes contra a humanidade. Contei aqui.

Não é à toa que Txai não sossega e, apesar de muito jovem, já tem uma trajetória de realizações marcantes, sobre as quais contei aqui. Por isso, certamente, estará no programa Roda Vida, da TV Cultura, que vai ao ar no próximo dia 29 de novembro, às 22h. Imperdível! Assista à vinheta do programa, abaixo.

Foto (destaque): Bitate Uru Eu Juma

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.