Com os bombardeios das tropas russas sobre a capital da Ucrânia se intensificando cada vez mais, um pequeno grupo de pessoas segue no principal cenário dessa guerra, sem cogitar por um momento, abandonar sua principal missão agora: cuidar dos animais do zoológico de Kiev. Cerca de 50 profissionais permaneceram no local, dia e noite, para continuar alimentando e garantindo a sobrevivência dos moradores do local.
Mas não é nada fácil garantir a tranquilidade dos animais em meio a explosões e rajadas de tiros. “A guerra está causando um estresse terrível para os animais, então alguns deles foram transferidos para recintos fechados e galerias subterrâneas. Veterinários monitoram seu estado emocional e fornecem segurança, se necessário”, informou Cyril Trantin, diretor do Kyiv Zoo.
Segundo Trantin, há um estoque de alimentos e medicação suficientes para as próximas semanas.
Mas há poucos dias decidiu-se pela transferência temporária de seis leões, quatro tigres, um cão selvagem africano e um macaco-prego para um zoológico da Polônia. O comboio com os animais, que partiu de Kiev, tinha como destino a Poznań, a mais de 1 mil km de distância. O trajeto, que duraria em média 12 horas, levou dias.
Parada no caminho para a Polônia: viagem tensa e arriscada
Os caminhões passaram por áreas ocupadas pelos russos, em meio ao fogo cruzado. Foram necessárias várias alterações na rota para que, finalmente, ontem (03/03), os animais chegassem ao Zoo Poznań, na Polônia. Futuramente, eles devem ser encaminhados para santuários de vida selvagem na Espanha ou Bélgica, que se ofereceram para recebê-los.
“Os animais resgatados lidam com o trauma da guerra de diferentes maneiras: alguns com coragem e dignidade, descansam e dormem, e alguns checando a durabilidade de suas camas e brinquedos”, compartilhou o zoológico polonês em suas redes sociais.
O macaco-prego que foi resgatado: seu rosto estampa o estresse do resgate
Apesar das boas notícias, os animais maiores continuam em Ziev e dificilmente serão retirados de lá. Entre eles há elefantes e o único gorila da Ucrânia. Tony já tem 46 anos e uma saúde delicada, dada sua idade avançada.
“Vocês simplesmente não têm ideia do quanto ele significa para nós. Afinal, ele é um ser altamente intelectual. Tony tem tudo planejado. Graças ao treinamento, ele se comunica com os cuidadores – por exemplo, ele pode mostrar com gestos o que quer comer. Ele tem senso de humor e está sempre atento a tudo o que está acontecendo ao seu redor. Ele sente falta quando um membro da equipe está doente e fica animado quando essa pessoa retorna”, relatam seus cuidadores.
O zoológico de Poznán pretende agora tentar resgatar animais de um zoológico na cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia.
Enfim, salvo: um dos filhotes de tigre retirado do zoológico de Kiev
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Fotos: Zoo Pósnan e Kyiv Zoo
Zoos não deveriam existir, porque o lugar de cada ser vivente é o seu Habitat. O lugar da espécie humana é o chão das cidades onde ainda se mata e morre por qualquer “toma lá, dá cá aquela palha”. Deixar os animais fora disso seria o minimo elementar de alguma racionalidade mas, esquece: essa “nova” guerra absurda está provando que nada mudou: os irracionais ainda somos nós.
Guerras não deveriam existir, zoológicos, quando bem administrados, são fundamentais pra conservação de espécies, não só através de reprodução e reintrodução, mas principalmente com pesquisa e educação ambiental…
Em nada justifica manter um animal enjaulado, a não ser para reabilitação e posterior devolução ao habitat de cada qual. O predador humano sempre encontra desculpas para exibir animais para integrantes de uma platéia sem noção, que paga para assistir o sofrimento alheio, sem remorso algum. Animais não gostam disso. Eu também não.
Essa matéria no site razoesparaacreditar é uma prova do amor incondicional aos animais: “em meio à guerra, dono de abrigo nega a deixar Ucrânia, para cuidar de seus 450 animais acolhidos”.