A atuação em rede, de modo coletivo, é capaz de gerar boas soluções para quase tudo que a gente pensar. Redes trazem empatia. E trazem a união de diferentes especialidades na construção dessas soluções. O resultado é quase sempre algo novo, potente e que pode inspirar outras pessoas e organizações a atuarem dessa maneira.
Hoje trago, aqui, uma indicação de leitura que ajuda a iluminar a potência e os resultados desse tipo de atuação na área da economia solidária.
O livro Redes Solidárias: experiências no campo da economia solidária (disponível aqui para download) foi recentemente lançado em parceria entre a Educ (Editora da PUC-SP) e a Unisol Brasil (Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários do Brasil), e reúne pesquisas realizadas a partir de cooperação entre as duas instituições.
A investigação traz uma reflexão sobre as experiências em rede da economia solidária. E essa reflexão demonstra que, na atuação em rede, as diferenças e singularidades, longe de se mostrarem problema, plasmam novas práticas econômicas e sociais.
“As redes solidárias são parte de uma estratégia adotada pela Unisol Brasil para sermos caixa de ressonância de novas práticas econômicas, em que o coletivo se manifesta tanto na dinâmica interna da gestão dos empreendimentos como também em seus impactos sociais e econômicos em novos arranjos produtivos locais”, define Leonardo Pinho, presidente da Unisol Brasil.
“A disputa por um novo modelo de desenvolvimento, que seja centrado nas experiências locais de regionais da classe que vive do trabalho, que combine desenvolvimento econômico, social e ambiental, é o objetivo central de articular e potencializar redes, como dispositivos de conexão, para fortalecer nossos vínculos, novas sociabilidades e arranjos produtivos, afirmando no tecido social novas possibilidades econômicas”, completa.
Nova economia para um mundo melhor
A economia solidária tem uma experiência de mais de 30 anos no Brasil, sempre construindo soluções coletivas tendo em seu centro pessoas destituídas do direito ao trabalho.
O livro, construído a muitas mãos, como não poderia deixar de ser, se encontra organizado em duas partes. Na primeira delas, é possível conhecer a história e a trajetória de 11 redes de economia solidária. Escrevi sobre algumas delas aqui no Conexão Planeta, como a Rede Costura Solidária, a Rede União dos Sabores Solidários, a Rede Balsear e a Rede Design Possível.
A segunda parte aborda os desafios atuais e caminhos futuros para a organização de empreendimentos econômicos solidários, princípios gerais da economia solidária, a organização do trabalho e processos formadores, questões de gênero, raça e etnias presentes na economia solidária e políticas públicas.
A leitura é uma ótima oportunidade para entender como a economia solidária se concretiza e os desafios e soluções encontrados em sua conformação. A trajetória das redes é inspiradora e traz os aprendizados, constantes, em sua atuação.
Como destacam os organizadores da publicação – Odair Furtado, Elisa Zaneratto Rosa, José Agnaldo Gomes e Solange Aparecida de Lima -, o livro “relata histórias de coletivos que, unidos em redes, percorrem caminhos pela construção de uma outra economia possível, comprometida com a utopia de um mundo melhor. Uma obra que nasce da identificação de uma potência diante da negação do direito ao trabalho ou da dignidade no trabalho… vemos no Brasil uma potente organização de Redes de Empreendimentos Econômicos Solidários“.
E completam: “Redes de Economia Solidária são coletivos de geração de trabalho e renda que potencializam sua coletivização, unidos para aprimorar processos de produção, para o apoio na comercialização, para responder às necessidades de territórios específicos, para resistir, para fazer crescer a outra economia possível”.
Fica o meu convite à leitura e à transformação.
Foto: Rede Costura Solidária/divulgação