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Brasil perdeu área de vegetação nativa equivalente a 10% do território nacional nas últimas três décadas

Brasil perdeu área de vegetação nativa equivalente a 10% do território nacional nas últimas três décadas

Um novo levantamento divulgado hoje pelo MapBiomas, iniciativa que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, consolida dados sobre o desmatamento nos últimos trinta e cinco anos no Brasil.

Entre 1985 e 2019 foram perdidos 87,2 milhões de hectares de áreas de vegetação nativa, o equivalente a 10% do território nacional. O relatório mostra que o ritmo de destruição aumentou nos últimos dois anos, 2018 e 2019, e mais da metade do desmatamento ocorreu na Amazônia, 44 milhões de hectares.

O estudo do MapBiomas aponta ainda que a atividade agropecuária é responsável por 90% dessa perda de vegetação nativa no país. A análise também indicou a situação em outros biomas brasileiros. O Cerrado apresentou a maior redução, em termos proporcionais, com queda de 21,3%, seguido pelo Pampa (21%), Pantanal (12%), Amazônia (11%), Caatinga (10,9%) e Mata Atlântica (10,3%).

“Pelo menos 9,3% de toda a vegetação natural do Brasil é secundária, ou seja, são áreas que já foram desmatadas e convertidas para uso antrópico pelo menos uma vez”, explica Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas. “Da área que nunca foi desmatada, há uma fração que já foi degradada por fogo ou exploração madeireira predatória. Quantificar esse processo de degradação das florestas é um dos próximos desafios que vamos enfrentar”, complementa.

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Além da agropecuária, os biomas brasileiros sofrem pressão também com os efeitos das mudanças climáticas. No Pantanal, por exemplo, as queimadas aumentaram mais de 200% em relação a 2019. Desde o começo do ano, 820 mil hectares de vegetação no Mato Grosso já foram destruídos por incêndios.

O Pantanal vive uma das piores secas dos últimos 47 anos. O nível do rio Paraguai é um dos mais baixos registrados na história recente.

Na Amazônia, o cenário é semelhante. O mês de julho teve salto de quase 30% no número de queimadas na região e num único dia recorde dos últimos 15 anos.

Enquanto isso, em Brasília, o vice-presidente e coordenador do Conselho da Amazônia, Hamilton Mourão, tentou minimizar a questão. Afirmou ontem (27/08) que “a Amazônia Legal tem 5 milhões de quilômetros quadrados. Vinte e quatro mil focos de calor significam que tem um foco de calor a cada 200 quilômetros quadrados. Isso é uma agulha no palheiro”.

Mourão se refere aos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) esta semana, que indicaram o registro de mais de 24 mil focos de incêndio no mês de agosto na região amazônica, o segundo pior resultado dos últimos dez anos.

Todavia, empresas e investidores internacionais não parecem compartilhar da mesma opinião do vice-presidente do Brasil, já que têm demonstrado publicamente a preocupação com o avanço da destruição da Amazônia e dos demais biomas do país.

A agropecuária é responsável por 90% da redução de vegetação
nativa que ocorreu no país desde 1985

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Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real/Fotos Públicas


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