O céu nublado no final da tarde, já quase anoitecendo, me fez dar por concluídas as fotografias do dia para uma reportagem sobre o Parque Nacional do Itaimbezinho, em São José dos Ausentes, no Rio Grande do Sul.
No caminho sinuoso de retorno para a cidade de Cambará do Sul, onde pernoitaria, bem no topo de um trecho da estrada, percebi algo diferente de “rabo de olho” pelo retrovisor do carro. Uma cor laranja, quase escandalosa estava me chamando.
Quando olhei diretamente no retrovisor, parei imediatamente. O jornalista que me acompanhava não entendeu nada. Me olhou com uma cara de interrogação, como quem quer dizer “O que houve?”, mas percebeu pela minha agitação que havia algo acontecendo.
O céu parecia em chamas. A beleza das cores por si só não daria uma boa foto, mas havia uma araucária em primeiro plano. Um dos símbolos do parque, e uma das árvores que mais me chama a atenção, com sua forma de cálice e tronco reto.
Eu sabia que a cena não iria durar. A luz laranja do final do dia vinha por trás das nuvens baixas (o tipo da nuvem é Stratus) e logo, tudo ficaria cinza novamente.
Corri para armar o tripé e trocar a lente para uma mais adequada. Foi o tempo de fazer algumas fotos e pronto. Tudo ficou cinza.
As mudanças de luz no final do dia provocam surpresas muitas vezes compensadoras, porém, sempre são efêmeras e imprevisíveis.
O jornalista depois de ver a foto compreendeu o que houve. A imagem foi publicada com destaque na revista. Portanto, é bom ficar atento mesmo quando parece que o seu dia fotográfico já acabou.
*Câmera Nikon N90, lente 70-200mm 2.8 – Filme Fuji RDP III