Apesar de a chuva ter propiciado um leve alívio no combate ao fogo no Pantanal há poucos dias, os incêndios ainda estão longe de serem controlados. Novos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados hoje revelam que setembro já é o mês com o maior número de registros de focos de calor nesse bioma nos últimos 15 anos.
Entre 1º e 23 de setembro foram observados 6.048 pontos de queimadas no Pantanal. O recorde mensal anterior era de agosto de 2005, quando houve 5.993 focos de incêndio.
Quando comparado aos registros do mesmo mês do ano passado, este setembro de 2020 já apresenta um aumento de 109% no número de queimadas. E ainda faltam seis dias para o final do mês.
São dois meses de combate às chamas no Pantanal. De janeiro até setembro deste ano, já foram queimados mais de 3 milhões de hectares de vegetação nesse bioma. Isso representa mais de 22% do bioma no Brasil, o equivalente a 22 cidades de São Paulo.
Os animais continuam a ser os mais afetados. Diversas organizações estão na região tentando ajudar com o resgate dos bichos, mas é um trabalho difícil.
Tamanduá encontrado com as patas queimadas pelo fogo
Infelizmente, a previsão da meteorologia para os próximos dias indica altas temperaturas novamente, com máxima de 40 graus, e baixa umidade, condições ideais para a propagação dos incêndios. E pelas próximas semanas, provavelmente não haverá mais chuva. Ontem 40 bombeiros da Força Nacional chegaram ao Mato Grosso para ajudar no trabalho.
O rio Paraguai, um dos maiores da América do Sul e que abastece grande parte do Pantanal, nunca antes apresentou um nível tão baixo. Em alguns pontos, ele só está com 30 cm de profundidade. Este é o maior período de estiagem em 47 anos.
Há diversas campanhas sendo realizadas para ajudar o trabalho dos profissionais que fazem o resgate e tratamento de animais e combate ao fogo no Pantanal. Veja como contribuir nesta outra reportagem – Como ajudar o Pantanal!
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Fotos: André Zumack/Instituto Homem Pantaneiro (abertura) e Juliana Carvalho/Fotos Públicas (tamanduá)