De repente me dei conta que, desde aquele dia em que o professor Joseph Cornell me convidou a coordenar a Sharing Nature no Brasil, em 1996, já se passaram 25 anos!!! Vem aquele sentimento indescritível de quando um filho cresce e a gente não lembra como foi que isso aconteceu.
Penso que, em certas situações, a gente esquece dos detalhes da passagem do tempo porque se a gente lembrasse não ia caber dentro de nós o espanto e o encanto com o fluir da vida, como ele é forte, intenso, brilhante, potente!!! E rápido…
Tantas lembranças emergem, mas antes de me deixar levar por elas, quero anunciar que estamos lançando a versão EAD da Formação Sharing Nature, um curso especial elaborado para que o desenvolvimento da sensibilidade, o aprofundamento das relações com a natureza e a tomada de consciência da natureza em nós possa seguir sendo oferecido apesar das limitações dos tempos atuais em plena pandemia da covid-19.
E, aqui, já faço um convite dirigido a todos que fizeram esta formação: participar de uma conversa com a gente, para que sintamos a força desta rede. Basta preencher o formulário que elaboramos e entraremos em contato.
No final deste post, dou mais detalhes sobre a Semana Sharing Nature, que realizaremos de 9 a 14 de agosto com lives, vídeos e – claro! – vivências na natureza. E que terá um dia muito especial.
Os primeiros passos
No começo da Sharing Nature, no Brasil (contei um pouco sobre a formação , eu apenas aplicava a abordagem do aprendizado em fluxo (que na época tinha sido traduzido por Aprendizado Sequencial) nos contextos dos meus cursos e projetos.
Nessa época eu também já estava envolvida com a tradução e a revisão técnica do livro Sharing Nature with Children que, na primeira publicação da tradução no Brasil, recebeu o nome de Brincar e Aprender com a Natureza.
No ano seguinte, a mesma parceria entre as editoras Senac e Melhoramentos (que publicou o primeiro) lança o segundo, Sharing the Joy of Nature traduzido como A Alegria de aprender com a Natureza.
Quase uma década mais tarde refizemos a tradução e coordenamos a publicação (em parceria com a Editora Aquariana) de Vivências com a Natureza 1 e 2, novos nomes para os mesmos livros, só que, agora, a partir de edições originais atualizadas, em 2005 e 2008. E já no contexto do Instituto Romã de Vivências com a Natureza.
Contei um pouco sobre a metodologia e os livros em outro post, aqui no blog, em fevereiro deste ano.
A ideia da criação do Instituto Romã veio em 2002, ocasião em que o professor Cornell convidou os coordenadores Sharing Nature ao redor do mundo, a se reunirem em sua casa no norte da Califórnia, EUA, em uma comunidade intencional espiritualista chamada Ananda Village, onde ele vive (foto acima).
Ao conhecer outros coordenadores, me encantei especialmente com a iniciativa japonesa, em que seu idealizador criou um sistema complexo de representação, com programas de pesquisa, de atendimento a professores, de programa de formação em três etapas, com apoio de órgãos governamentais, acadêmicos, produção de materiais para os jogos, publicações.
Todo ano, as equipes locais – presentes em todas as regiões do país – organizam um congresso mobilizando muitas ações em torno da Sharing Nature. Ao expressar minha admiração, dei a impressão aos colegas de que eu gostaria de fazer o mesmo.
Não que eu não quisesse, mas sabia de minhas limitações para gerir algo dessa envergadura. Mesmo assim, me estimularam e convenceram de que eu devia criar uma organização para representar a Sharing Nature em meu país.
A formação do instituto
De volta pra casa, fiquei com essa ideia na cabeça, mas deixei que ela amadurecesse em minha mente.
Nessa gestação, me veio como um insight: a imagem da fruta romã. Consultei a querida amiga Ana Figueiredo, que entende de mitos e ritos profundamente, e fiquei sabendo da enorme riqueza simbólica dessa fruta, presente desde os mitos gregos, nas representações medievais, nas pinturas renascentistas.
Ela representa a força da vida, a sensibilidade, o amor universal. Foi trazida da Europa e aparece em pinturas da paisagem brasileira desde o século 17. Percebi que tinha tudo a ver com o processo que estava se iniciando.
Naquele momento, eu desenvolvia um projeto com o Instituto Peabiru e dava uma formação Sharing Nature no Parque Burle Marx, em São Paulo. Era um grupo grande; e os que mais se interessaram pela formação decidiram participar de um grupo de estudos, que depois gerou o primeiro grupo em torno do qual foi criado o Romã.
As oficinas de formação presenciais começaram em 2003 e seguiram até 2014. Foram grandes aventuras, ricas em aprendizados, em lugares como a Estação Ecológica Juréia-Itatins, o Núcleo Santa Virgínia do Parque Estadual da Serra do Mar, o Parque das Neblinas e a Fazenda Atalanta.
O Instituto Romã tinha nascido e já estava pré-adolescente!
Muita gente se juntou a nós nos diversos momentos desse período, trazendo empenho e energia e contribuindo para formar o que somos hoje. Seria impossível trazer aqui todos os nomes. Mas quem ficou na condução desse fluxo junto comigo durante todos esses anos foi a querida Arianne Brianezi que, entre tantas contribuições, desenvolveu uma pesquisa de mestrado sobre a contribuição das Oficinas de Formação Sharing Nature.
Uma das mais brilhantes participantes das oficinas e com quem hoje divido a parceria neste blog e em inúmeros outros projetos é a Ana Carol Thomé, idealizadora e diretora do programa Ser Criança é Natural, que nasceu a partir da sua experiência de educadora com muitas influências e que, na prática, tem muito da abordagem Sharing Nature.
O Instituto Romã tem uma plataforma de cursos à distância comandada pela Palmira Petrocelli, desde 2016. Todos os cursos são voltados ao aprofundamento das relações das pessoas com a natureza a partir de diversas vertentes, todos vivenciais.
Uma semana e um dia muito especiais
Para finalizar este post, volto à Semana Sharing Nature – a programação está na imagem acima, mas você também pode acessá-la pelo site do programa Ser Criança é Natural.
E, para fechar essa semana especial, teremos o Dia Sharing Nature, em 14 de agosto, que é um convite para que todos – que fizeram ou não a formação – desenvolvam vivências Sharing Nature com seus grupos e compartilhem nas redes sociais, marcando os perfis do programa Ser Criança é Natural e no meu – Rita Mendonça – no Instagram, e usando a hashtag #DiaSharingNatureBR. Assim, será possível reunir todos os posts publicados pelos participantes e sentir o gostinho das experiências que aconteceram por aí.
Para saber mais sobre o Dia Sharing Nature faremos uma live em 6 de Agosto, às 15h, nos mesmos perfis indicados no parágrafo acima.
Por fim, compartilho com vocês o meu contentamento por estar envolvida em um processo tão rico, tão vivo e tão potente, capaz de transformar vidas e formar grupos cada vez maiores de pessoas que acreditam na construção de um mundo em que a escuta, o respeito, a reverência ao vivo sejam valores que conduzam as escolhas de cada um e de todos.
Foto (destaque): Ana Carol Thomé