Em julho do ano passado, o Brasil perdeu o ambientalista, escritor e jornalista Alfredo Sirkis. Aos 69 anos, ele sofreu um acidente de carro. Um dos fundadores do Partido Verde, durante toda sua trajetória exerceu vários cargos políticos, tanto na cidade do Rio de Janeiro, como na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Agora o ambientalista acaba de ganhar mais uma homenagem póstuma, dentre as muitas que já recebeu. Mas esta é particularmente especial. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, mudou o nome do então Parque Natural Penhasco Dois Irmãos, no bairro do Leblon, para Parque Natural Alfredo Sirkis.
“De todas as homenagens que ele vem recebendo, esta é a mais significativa. Porque o parque era o projeto pelo qual ele tinha mais amor”, diz a viúva de Sirkis, a arquiteta e editora Ana Borelli.
Ana, que está escrevendo um livro sobre o companheiro, conta a história por trás da criação do Parque Natural Penhasco Dois Irmãos. Na década de 90, o local pertencia a uma empresa que pretendia construir ali um hotel e dois prédios. Sirkis, que foi o primeiro secretário de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, conseguiu que a companhia mudasse de ideia, transferisse o projeto para a Barra da Tijuca e doasse o terreno para a prefeitura.
“Pouca gente se lembra como era o Morro Dois Irmãos, quando iniciamos, na sequência de uma luta bem sucedida para impedir a construção de um hotel e dois outros prédios na encosta do morro, com consequências ambientais e paisagísticas assustadoras. Essa vitória permitiu a implantação do Parque Penhasco Dois Irmãos”, relembrou Sirkis, em seu blog, em 2012.
Além da criação do parque na época, o então secretário municipal deu início ao programa Mutirão do Reflorestamento, que tinha como missão reflorestar as encostas de morros da cidade utilizando a mão de obra das comunidades. O projeto ganhou o reconhecimento das Nações Unidas como um dos dezesseis programas de ecologia urbana de grande relevência em todo o planeta.
Um dos mirantes do Parque Alfredo Sirkis
No final do ano passado, no dia em que Alfredo Sirkis completaria 70 anos, familiares e amigos fizeram uma cerimônia para lembrá-lo no parque que ele tanto amava.
Foi inaugurado ali o Bosque da Amizade e o Mirante Ana e Alfredo. A arquiteta e seus filhos escolheram o lugar para jogar as cinzas do marido e pai, junto a uma árvore que foi plantada. Além dela, a nova área ganhou outras 24 espécies nativas da Mata Atlântica.
O projeto de revitalização do Parque Alfredo Sirkis
O agora Parque Natural Alfredo Sirkis é uma área de preservação ambiental com 39 hectares. Localizado no alto da zona sul do Rio de Janeiro, possui quatro mirantes de onde é possível avistar alguns dos mais importantes cartões-postais da cidade: a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Jardim Botânico, o Corcovado e as praias do Leblon e de Ipanema.
Todavia, nos últimos anos, o parque ficou muito degradado. Os playgrounds infantis estão em péssimas condições e os deques interditados. Mas Ana Borelli iniciou um movimento para revitalizar o local, com a ajuda da iniciativa privada.
A ideia dela é recuperar o parque, tão amado por Sirkis, e oferecer aos cariocas um espaço em que eles possam ter mais acesso não apenas à natureza, mas também, a eventos culturais na cidade.
“O Alfredo tinha muitos planos ainda, imaginava que viveria até os 90 anos como a mãe dele. Tenho certeza que ele está muito feliz com essa homenagem”, acredita Ana.
Abaixo algumas ilustrações que projetam como deve ficar o Parque Alfredo Sirkis depois de sua revitalização:
Fotos: Mario Grisolli (parque) e Ana Borelli (mirante) e ilustrações Nelson Sadala