Este ano, a organização Better World Fund (BWF) – associação sediada em Paris, foi lançada em 2016 e apoia projetos humanitários e todos os anos promove eventos internacionais de prestígio comprometidos com causas sociais e ambientais – escolheu dois projetos para beneficiar no Festival de Cinema de Cannes: a Fundação Akbaraly, voltada para mulheres e crianças de Madagascar, e o novíssimo Amazônia Fund Alliance, lançado esta semana.
Iniciativa dos empresários franceses do entretenimento Jean-Charles Jougla e Thierry Klemeniu, o Amazônia Fund Alliance faz parte dos programas da BFUCA Brasil (Federação Nacional das Associações, Centros e Clubes Unesco Brasil), que atua para a preservação dos ecossistemas da região amazônica.
Assim, com a presença de personalidades e cineastas de prestígio, o BWF reservou dois dias (21 e 22 de maio) para promover o lançamento do Amazônia Fund Alliance, com cerimônia e jantar de gala (para arrecadar recursos e entregar prêmio) e série de conferências.
Noite de gala e prêmio
Entre os convidados de honra do primeiro dia estavam a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, a deputada federal Célia Xakriabá, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Osmar Ribeiro Almeida Júnior, representantes do governo brasileiro.
O cacique Raoni e os integrantes de sua comitiva em viagem pela Europa – caciques Tapi Yawalapiti, Bemoro e Yabuti Metuktire e a liderança Watatakalu Yawalapiti -, além de Mapu Huni Kui, músico e líder do povo Huni Kui, do Acre, parceiro do DJ Alok (como contamos aqui e aqui) e ator da nova novela das 9h, na TV Globo (junto com o escritor indígena Daniel Munduruku) também estavam entre os convidados especiais.
Leonardo DiCaprio participa do festival de cinema (que vai até 27/5) com o filme dirigido por Martin Scorcese – Killers of the Flower Moon, no qual atuou ao lado de Robert de Niro e conta sobre uma série de assassinatos envolvendo a nação indígena Osage de Oklahoma na década de 1920 – e deu uma passada rápida pela cerimônia para prestigiar a BWF e os amigos, entre eles, a ministra Sonia.
Durante o jantar de gala, como faz todos os anos, a BWF premiou personalidades comprometidas com causas sociais e ambientais, especialmente do cinema.
Dois brasileiros estão entre os homenageados de 2023, apesar de não atuarem nesse segmento: a líder indígena e ministra Sonia Guajajara – pelo trabalho incansável em defesa dos povos indígenas e do meio ambiente – e o DJ Alok, do Instituto Alok – pela importância do lançamento do Fundo Ancestrais do Futuro, em parceria com o Pacto Global da ONU, e também do lançamento do disco com a participação de indígenas, entre eles Mapu.
O músico estava em Miami e gravou mensagem de agradecimento exibida durante a cerimônia de entrega, e foi representado por Mapu e Célia.
No primeiro ano do Better Word Fund, o cacique Raoni recebeu o prêmio em cerimônia na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
US$ 5 milhões no primeiro ano
O Amazônia Fund Alliance financiará projetos de organizações sem fins lucrativos para garantir renda mínima para 300 aldeias indígenas da Amazônia Legal.
Também apoiará projetos de reflorestamento, de preservação de rios e nascentes e de redução do lixo e de emissões de carbono.
Para tanto, no primeiro ano, devem ser arrecadados US$ 5 milhões (cerca de 25 milhões de reais), com o apoio de empreendedores, fundações, marcas internacionais e artistas de renome mundial. E também da realização de uma série de eventos e iniciativas, tais como jantares, leilões, shows e reuniões sociais, que podem ser realizadas em Cannes, no Brasil ou em outros locais do mundo.
Já está previsto, por exemplo, um baile de gala beneficente no Festival de Cinema de Veneza, na Itália, em setembro. Além de um Planethon, programa de transmissão mundial para captação de recursos – “sem precedentes”, de acordo com os organizadores –, ao estilo do Festival Global Citizen.
Segundo o BWF, as doações serão depositadas em uma conta do tipo escrow, que garante que os recursos só são liberados quando as partes da transação cumprem o acordo. As contribuições são abertas e podem ser feitas por qualquer pessoa no Brasil ou de qualquer parte do mundo.
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Foto (destaque): Leo Otero/Ministério dos Povos Indígenas