
*Atualizado em 08/02/21
No dia 03/02/21, os desembargadores da 2ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo decidiram manter a liminar concedida em agosto de 2020 e que permitiu a transferência da elefanta Bambi do zoológico de Ribeirão Preto para o Santuário de Elefantes Brasil.
Abaixo segue texto original da reportagem.
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Em setembro de 2020, como contamos aqui nesta outra reportagem do Conexão Planeta, a elefanta Bambi, que vivia em um zoológico em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, foi levada para o Santuário de Elefantes Brasil, situado a cerca de uma hora do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, em uma área de 1.100 hectares. Lá a fêmea, de 58 anos, se juntou a outras quatro moradoras do local: Lady, Maia, Mara e Rana.
A transferência de Bambi para o santuário foi autorizada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. A elefanta teve uma longa história de sofrimento e mudanças. Em 2009, foi encontrada em Limeira (SP), com uma pata acorrentada, cercada por cercas elétricas. Ela estava com uma pessoa que não possuia autorização do IBAMA para mantê-la.
Bambi foi transferida para um zoológico, mas o espaço em que ela ficava era muito pequeno. Em 2014, foi levada então para o Bosque e Zoológico Fábio Barreto de Ribeirão Preto.
Infelizmente, ela e a outra elefanta que vivia lá não se davam bem e o espaço entre as duas precisou ser dividido, assim Bambi também perdeu parte da área que tinha disponível e ficou com apenas 750 metros quadrados, obviamente muito pouco para um bicho de seu tamanho.
Apesar de estar se adaptando muito bem ao santuário, o promotor do Ministério Público Wanderley Baptista da Trindade Júnior fez um pedido à 1ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto para que Bambi seja devolvida ao zoológico da cidade.
Primeiro, é preciso lembrar que o transporte da elefanta até o santuário no Mato Grosso não foi uma tarefa simples. Ela viajou mais de 30 horas, dentro de uma gigantesca caixa especial, sobre um caminhão, e percorreu 1.270 km de distância.
Segundo, Trindade Júnior já tinha dado um parecer negativo antes quanto à transferência de Bambi. Na época, o promotor afirmou que ela era bem tratada em Ribeirão Preto e que fazia parte do “patrimônio público da cidade”.
Para que o animal seja mantido no Santuário dos Elefantes Brasil, diversas organizações não-governamentais criaram a campanha “Bambi fica na manada”. Também foi elaborada uma petição judicial que será encaminhada pela ONG Olhar Animal, habilitada no processo na condição de amicus curiae, ao juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto, pedindo que a solicitação do promotor não seja atendida.
“O principal argumento do zoológico e do promotor de justiça para que a transferência não ocorresse era o de que a viagem era insegura e a Bambi poderia ser afetada por ser idosa e cega de um olho. Porém, contrariando parecer do promotor, o juiz decidiu em favor da transferência. E absolutamente nada de anormal ocorreu durante os dois dias de viagem até o santuário. Tudo aconteceu como o planejado pela equipe e há meses a elefanta está se recuperando de problemas causados pelo confinamento em zoológicos e por sua vida compulsoriamente errante e sofrida em circos”, diz Maurício Varallo, diretor da Olhar Animal.
“Bambi está muito feliz pelos cuidados inéditos que recebe e pela convivência com outros animais da sua espécie. E essa felicidade não é retórica nossa. As vocalizações da Bambi mostram clara e incontestavelmente sua alegria ao lado de Maia, Rana, Ramba e Lady”, ressalta Varallo.

A elefanta está sendo muito bem cuidada no santuário
Vale ler este lindo relato dos cuidadores do santuário no dia 30 de outubro na página do Facebook:
“Bambi já está se acostumando à vida no Santuário. Ela está um pouco ansiosa para viver sua vida ao máximo, o que pode deixá-la um pouco confusa. Tudo ainda é muito estimulante e novo para ela. Ela parece querer experienciar tudo de uma vez só. Bambi é como uma criança num parque de diversões, ou, mais realisticamente, como um prisioneiro que, de repente, tem acesso à vida cotidiana depois de décadas em uma minúscula cela solitária de confinamento. É muito emocionante de uma forma positiva. Há tanto para ela ver, sentir e tocar”.

Bambi (à direita) em seu novo lar, acompanhada de Rana (à esquerda)
Para conhecer o teor da petição judicial acesse este link. Se você faz parte de alguma ONG e gostaria também de ser signatário do documento, basta copiar o modelo da declaração, preencher com os dados da sua entidade e colar o texto no corpo de uma mensagem para a ONG Olhar Animal pelo e-mail olharanimal@gmail.com. Coloque no campo assunto “BAMBI FICA NA MANADA” (não enviar arquivo DOC em anexo).
Caso tenha qualquer dificuldade com este processo, entre em contato com a Olhar Animal pelo mesmo endereço de e-mail. A participação de ONGs de todo o Brasil é muito importante para a Bambi!
Há também uma petição popular, online, pedindo a permanência de Bambi no Santuário. Se você quer assinar, clique aqui.
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A decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo teve 2 votos a 1. Os magistrados rejeitaram os argumentos da prefeitura e da Promotoria de Justiça de Ribeirão Preto e confirmaram a decisão do desembargador Roberto Maia proferida ano passado, quando decidiu pelo acolhimento do pedido da ONG Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, reformando assim a decisão de primeiro grau que havia negado a transferência de Bambi.
No acórdão, os desembargadores expressaram o entendimento de que animais não são sujeitos de direito.
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*O santuário de elefantes brasileiro é o sexto do mundo e primeiro da América Latina e é fruto da parceria de duas organizações internacionais – a Global Sanctuary for Elephants (GSE), do Tenessee, nos Estados Unidos, e a ElephantVoices – ambas dirigidas por renomados especialistas.
A iniciativa se deve também à paixão por elefantes de uma brasileira, Junia Machado. Ela representa a ElephantVoices no Brasil e se uniu à Scott Blaiss – que tem mais de 20 anos de experiência no manejo de elefantes africanos e asiáticos em zoos, circos e em santuários e é o fundador da GSE – para tocar o projeto.
A reserva não é aberta ao público, pois não é um zoológico. Ela tem como única missão proteger, resgatar e prover um santuário de ambiente natural para elefantes que até então eram mantidos em cativeiro.
Se você quer contribuir com este trabalho sensacional, é possível fazer uma doação. Acessa aqui a página do SEB e veja como ajudar.
Leia também:
Fronteira entre Brasil e Argentina é aberta para a passagem de Mara, a nova moradora do Santuário dos Elefantes, na Chapada dos Guimarães
Lady: em breve, a quarta moradora do Santuário dos Elefantes, na Chapada dos Guimarães
Rana: a nova moradora do Santuário dos Elefantes, na Chapada dos Guimarães
Fotos: reprodução Facebook Santuário de Elefantes Brasil
No caso da elefanta Bambi,que promotor quer a vllta dela para o Zoológico de Rib.Preto.Me desculpe o Promotor…MAS ISSO É UMA TREMENDA PUTARIA…FAÇA ME O FAVOR !!! DECEPCIONANTE.
Devolver Bambi para o Zoológico seria como voltar para o inferno após conhecer o Céu. Bambi não é um saco de batatas, não é patrimônio público da cidade, ela tem sentimentos que precisam ser priorizados, levados em conta antes e acima de tudo, ela não é um monumento, um obelisco, uma escultura, um totem, um quadro famoso que se transfira de um museu para um parque ou vice versa, não foi construída nem arquitetada, não é bolinha de ping pong e não é peteca. Durma-se com um barulho desses, haja Deus. “Bambi fica na manada”. Nós somos Bambi e tamu junto.
Mas é lógico que o interesse é muita grana !!! Essa gente não tá nem aí pros animais. Zoológico quer é grana. Nojo de gente que se presta a maltratar os animais.
Por favor, deixem essa elefante ser feliz , um pouco, nessa vida . Cansada de tanta maldade .