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Perda de florestas tropicais primárias cresce 15% no Brasil em 2022: país representou 43% do desmatamento global

Perda de florestas tropicais primárias cresce 15% no Brasil em 2022: país representou 43% do desmatamento global

Florestas tropicais primárias são áreas de florestas maduras, importantíssimas para a conservação da biodiversidade e o armazenamento de carbono. E apesar de esforços globais no mundo todo para conter o desmatamento, em 2022 houve um aumento da derrubada delas, aponta a mais recente análise divulgada pelo Global Forest Watch*, uma iniciativa do World Resources Institute (WRI).

Segundo o levantamento divulgado hoje, com base em imagens de satélite, a perda de florestas primárias na região dos trópicos, onde ficam as grandes florestas úmidas como a Amazônia, foi 10% maior no ano passado em comparação aos 12 meses anteriores. Isso significa que 4,1 milhões de hectares foram devastados, o equivalente a 11 campos de futebol por minuto. Toda essa perda produziu
2,7 gigatoneladas (Gt) de emissões de dióxido de carbono, número equivalente às emissões anuais de combustíveis fósseis da Índia.

Embora responda por 30% das florestas do mundo, o Brasil foi o país que apresentou a maior taxa de perda de florestas, respondendo por 43% do desmatamento no mundo e tendo um aumento de 15% em relação a 2022, enquanto o índice global foi de 10%.

“Os dados mostram que a participação do Brasil na perda de florestas tropicais vem aumentando nos últimos anos”, diz Jefferson Ferreira-Ferreira, coordenador de Ciência de Dados de Florestas do WRI Brasil. “Antes de 2015, cerca de 25% a 30% da perda ocorria no Brasil. Já em 2022, passou de 40%”.

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A maior parte do desmatamento aconteceu na Amazônia. A taxa quase dobrou em três anos. E os especialistas ressaltam que essa foi a maior perda não relacionada com incêndios desde 2005. A principal causa apontada é a derrubada de árvores para a expansão da agropecuária.

Os territórios Apyterewa (PA), Karipuna (RO) e Sepoti (AM) registraram níveis recordes de perda de florestas primárias, provocados pelas invasões de terra. Já na Terra Indígena Yanomami (RR) a devastação é consequência do garimpo ilegal.

Perda de florestas tropicais primárias cresce 15% no Brasil em 2022: país representou 43% do desmatamento global

O relatório completo você encontra neste link.

Aumento do desmatamento não aconteceu apenas no Brasil

Infelizmente não foi só o Brasil que apresentou um salto nos índices de desmatamento das florestas tropicais primárias. O mesmo foi observado na República Democrática do Congo, que ao lado do nosso país abriga as maiores florestas tropicais no mundo, assim como Bolívia e Gana.

No Congo a área desmatada passou de 500 mil hectares em 2022.

Todavia, Indonésia e Malásia rumam em direção contrária e nos dão uma ponta de otimismo. Ao longos dos últimos anos, essas duas nações conseguiram manter níveis historicamente baixos. Esforços públicos e privados parecem estar contribuindo para tal.

“Embora nos últimos anos tenha havido uma nova ambição internacional e o reconhecimento da necessidade urgente de acabar com o desmatamento, a falta de progresso na redução da perda de florestas nos trópicos ressalta a necessidade de ir além dos compromissos políticos e passar à ação”, adverte o texto do relatório. “A proteção das florestas continua sendo uma das formas mais eficazes de mitigar a mudança climática global e proteger as pessoas e a biodiversidade que depende delas, mas o tempo está se esgotando”.  

Perda de florestas tropicais primárias cresce 15% no Brasil em 2022: país representou 43% do desmatamento global

O GFW difere do Prodes, o sistema de monitoramento do desmatamento da Amazônia do Inpe, por ter metodologia e período de análise diferentes: o GFW vai de janeiro a dezembro, enquanto o Prodes pega de agosto de um ano a julho do ano seguinte. Apesar dessas diferenças, ambos mostram aumento da tendência da perda de florestas primárias. 

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Foto de abertura: Alberto César Araújo/Amazônia Real/Fotos Públicas (áreas de desmatamento no município de Careiro da Várzea, no Amazonas próximo às Terras Indígenas do povo Mura)

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