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O legado de uma montanha

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Eu tinha uns 15 anos de idade quando entrei pela primeira vez em um laboratório fotográfico. Ao ver o processo quase alquimista de ampliação de uma foto, com a formação da imagem em preto e branco no papel ainda dentro da bandeja do revelador, fui definitivamente fisgado. A escola onde estudei, da alfabetização ao vestibular, tinha foco na formação integral e oferecia atividades complementares como esportes, música e um laboratório fotográfico com biblioteca específica no tema. Agradeço até hoje aos meus pais pelo esforço de terem me mantido lá!

Nessa época, eu começava a conquistar um pouco mais de liberdade para organizar meus acampamentos pelos arredores de Curitiba, e a região do Pico do Marumbi era um destino frequente. Carregava sempre comigo a câmera Fujica que ganhara do meu pai e, com ela, fotografava tanto quanto o escasso dinheiro para comprar e revelar filmes permitia. Essas incursões foram as responsáveis por gerar e nutrir esse caso de amor correspondido que tenho até hoje com a natureza em geral e, mais especificamente, com as montanhas.

Mas eu tinha um comportamento displicente com a fotografia, fazia fotos ruins porque não havia dedicado o esforço necessário ao aprendizado. Até o dia em que encontrei uma imagem feita pelo Ansel Adams, em um dos livros da biblioteca do laboratório do colégio. Era a foto de uma montanha com uma face absolutamente íngreme e uma linda lua cheia ao lado. A montanha era o Half Dome no Parque Nacional de Yosemite, na Califórnia. E aquele foi o momento em que tive o pensamento que mudaria minha vida: “Preciso aprender a fazer isso direito!”.

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Cerca de 20 anos mais tarde, tive finalmente a oportunidade de estar frente a frente com o Half Dome e fazer minhas próprias imagens. Foi emocionante percorrer os mesmos caminhos registrados pelo fotógrafo que, desde o começo, foi uma de minhas maiores referências.

A foto que ilustra este post foi feita durante viagem mais recente à Yosemite, em um mirante chamado Glacier Point. Cheguei umas duas horas antes do por do sol, escolhi cuidadosamente a composição que queria, armei o tripé e sentei ao lado para esperar a melhor luz. Isso foi necessário porque aquela é uma vista concorridíssima: vários fotógrafos passaram por ali cobiçando aquele exato local. Mas fui firme e não arredei o (tri)pé!

Aproveito esta oportunidade para fazer uma pequena homenagem a Douglas Tompkins, falecido em dezembro do ano passado. Além de grande amante da natureza, ele foi um dos fundadores da The North Face, fabricante de equipamentos para atividades outdoor. A marca lhe rendeu fortuna que, em parte, foi usada para a aquisição de extensas áreas na Patagônia chilena, posteriormente doadas para serem convertidas em parques nacionais.

Tompkins também teve no Half Dome a sua fonte de inspiração – a logomarca da The North Face é sua representação. E, assim, essas paisagens emblemáticas vão espalhando seu legado pela vida de muitos. Então, que sempre tenhamos capacidade de nos inspirar na natureza!

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