
Morreu nesta sexta-feira (23/05), em Paris, onde morava, o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. Ele tinha 81 anos. A notícia foi divulgada pelo Instituto Terra, fundado por ele e sua esposa Lélia.
“Com imenso pesar, comunicamos o falecimento de Sebastião Salgado, nosso fundador, mestre e eterno inspirador.
Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora.
Neste momento de luto, expressamos nossa solidariedade a Lélia, a seus filhos Juliano e Rodrigo, seus netos Flávio e Nara, e a todos os familiares e amigos que compartilham conosco a dor dessa perda imensa.
Seguiremos honrando seu legado, cultivando a terra, a justiça e a beleza que ele tanto acreditou ser possível restaurar.
Nosso eterno Tião, presente!
Hoje e sempre.”
Sebastião Salgado: um mestre da fotografia
Sebastião Salgado foi e para sempre será um dos maiores fotógrafos de nossos tempos. Com suas lentes, registrou crises humanitárias, guerras, revoluções, povos e natureza, em mais de 130 países. O prestigiado profissional brasileiro teve seu trabalho reconhecido mundialmente. Em 2021, recebeu o Prêmio Imperial do Japão, considerado um ‘nobel das artes’, e foi homenageado em Davos, na Suíça, por sua liderança na abordagem da desigualdade e sustentabilidade. Em 2017, passou a ocupar uma cadeira na Academia de Belas Artes francesa.

Foto: Sebastião Salgado
Salgado acreditava, entretanto, que sua maior obra foi a recuperação, ao longo de 20 anos, de mais de 2 mil hectares de terras degradadas, com o plantio de quase três milhões de árvores, numa região de Mata Atlântica, em Minas Gerais. É lá que fica a Fazenda Bulcão, em Aimorés, Minas Gerais, onde ele nasceu em 8 de fevereiro de 1944.
Foi na fazenda de gado do pai que Salgado cresceu e acabou retornando muito tempo depois, quando já era um profissional famoso no mundo inteiro. Após anos viajando pelo exterior e registrando imagens impactantes que o tornaram conhecido internacionalmente, decidiu voltar ao Brasil.
No premiado documentário Sal da Terra, que conta sua trajetória, o fotógrafo confessa que após fazer a cobertura do genocídio de Ruanda, na África, entrou em uma crise profunda e se sentiu descrente da humanidade. “Minha alma estava doente”, diz no filme.
Todavia, quando chegou à propriedade de Aimorés, ela estava completamente devastada pelo desmatamento e a seca. Foi quando nasceu o Instituto Terra, fruto do sonho de Salgado e Lélia, que queriam promover a restauração ambiental e o desenvolvimento rural sustentável do Vale do Rio Doce.

e apontada está entre as 25 imagens que melhor definem a era moderna pelo jornal NY Times
Foto: Sebastião Salgado
Em 2024, o fotógrafo anunciou que estava “aposentando” a câmera para se dedicar à edição de acervo e novas exposições. Ele sofria com uma doença sanguínea resultante da malária contraída (e mal tratada) na Indonésia e, também, com problemas na coluna devido a explosão de uma mina terrestre que atingiu o veículo onde estava durante a guerra de independência de Moçambique, em 1974.

Foto: Sebastião Salgado
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Foto de abertura: Renato Amoroso / divulgação Instituto Terra