Olhe bem para a foto à esquerda. Você consegue ver alguma coisa no tronco da árvore? Tem certeza? Agora olhe para a imagem do lado direito. O contorno delineado mostra alguém muito bem escondido ali: uma lagartixa, com sua perfeita camuflagem para se esconder de qualquer predador.
A nova espécie de lagartixa-de-cauda-de-folha descoberta em Madagascar é considerada uma mestra na arte do disfarce. Batizada com o nome científico de Uroplatus garamaso, ela mede cerca de 20 centímetros. Possui o corpo em tons de marrom, a ponta da língua rosada e olhos amarelos.
“A cor da boca, que tem sido tão útil para identificar diferentes espécies, tem uma função totalmente desconhecida. Ainda não sabemos muito sobre essas lagartixas, desde suas relações evolutivas mais amplas até seu comportamento”, diz Mark Scherz, curador de herpetologia do Museu de História Natural da Dinamarca, um dos cientistas envolvidos na descrição da nova espécie.
A nova espécie descrita: camuflagem perfeita para enganar predadores
(Foto: Jörn Köhler, Hessisches Landesmuseum Darmstadt, Germany)
Lagartixas possuem uma habilidade sem igual de se camuflar na natureza. Algumas espécies, explicam os pesquisadores, têm abas de pele ao redor de todo o corpo e cabeça, e durante o dia, descansam de cabeça para baixo nos troncos das árvores, escondidas sob esse disfarce, quase impossíveis de serem detectadas.
“A nova espécie é apenas a mais recente de uma série de novas lagartixas do gênero Uroplatus descritas em Madagascar nos últimos anos”, revela Fanomezana Ratsoavina, pesquisadora da Universidade de Antananarivo.
Sim, tem uma lagartixa escondida aí!
(Foto: Mark D. Scherz, Natural History Museum of Denmark)
Madagascar é um país insular, situado perto da costa sudeste da África. Das espécies de animais encontradas lá, 85% são endêmicas, ou seja, não existem em nenhum outro lugar do mundo, como é o caso dos lêmures, por exemplo.
Além de sofrer com o desmatamento, provocado pela expansão da agricultura, Madagascar também está vulnerável à crise climática. Um estudo publicado no início do ano por pesquisadores das Universidades de Oxford e Bristol, no Reino Unido, alertou que as mudanças no clima são uma ameaça para os quatro tipos de florestas da ilha.
Os cientistas preveem a redução de áreas de florestas, aumento de temperaturas e impacto sobre a produção de frutas, vital para a alimentação de muitas espécies de animais.
“Mudanças na disponibilidade de frutas terão um sério impacto na saúde, no sucesso reprodutivo e no crescimento populacional de muitos animais. Alguns podem ser capazes de se adaptar às alterações no clima e no habitat, mas outros são muito sensíveis. É improvável que sobrevivam em um ambiente quente e árido”, ressaltam os autores do estudo.
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Foto de abertura: Mark D. Scherz, Natural History Museum of Denmark